Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Agro descobriu que o atraso de Bolsonaro é um mau negócio

Empresários preferiram se aliar a ONGs ambientalistas, alvos do presidente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quando os presidenciáveis desfilavam em campanha, há dois anos, a turma do agronegócio acreditou ter feito uma escolha óbvia. Empresários se aproximaram do candidato que prometia afrouxar fiscalizações, e a bancada ruralista declarou apoio àquele que prometia atropelar as leis ambientais.

O namoro durou pouco. Antes de tomar posse, Jair Bolsonaro abriu a primeira crise com o setor. O presidente eleito causou pânico entre produtores ao dizer que mudaria a embaixada de Israel para Jerusalém. Exportadores de carne criticaram a ideia, com medo de perder bilhões em negócios com países árabes.

O governo não conseguiu levar a provocação adiante, mas manteve a sabotagem. Em março, Eduardo Bolsonaro acusou o governo chinês de ser responsável pela propagação do coronavírus. O líder da bancada ruralista precisou lembrar que a China responde por até 40% das exportações do agronegócio brasileiro.

Além das trapalhadas nas relações exteriores, o lobby do agronegócio ficou incomodado com a omissão destrutiva do governo na Amazônia. Ninguém virou ambientalista da noite para o dia, mas os empresários perceberam que ter um Bolsonaro no poder era um mau negócio.

Jair Bolsonaro em visita ao município de Sorriso, em Mato Grosso - Alan Santos/PR

Em julho, eles cobraram medidas para frear a devastação e as queimadas. O presidente continuou fingindo que os incêndios eram fogueiras de São João e acusou ONGs de produzirem propaganda negativa. “Vocês sabem que as ONGs não têm vez comigo. A gente bota para quebrar em cima desse pessoal”, afirmou.

O desastre bolsonarista é tão grande que alguns empresários escolheram ficar ao lado dessas organizações. Gigantes como JBS e Marfrig se uniram a WWF, Imazon e outras entidades para pedir ações do governo contra o desmatamento.

O agronegócio se deixou seduzir por Bolsonaro e não se incomodou com o fato de que aquele político representava o que havia de mais rudimentar e atrasado na área. Agora, os empresários querem deixar o presidente sozinho no século passado.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.