Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro quer segurar preço da comida para preservar popularidade

Presidente sentiu o aperto da alta dos alimentos, que afeta eleitor de baixa renda

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Jair Bolsonaro sentiu o aperto da alta dos alimentos. Depois de ter cobrado “patriotismo” dos empresários na hora de remarcar os preços, ele pediu nesta terça-feira (8) aos donos das redes que o lucro com suas vendas “seja próximo de zero”.

O presidente já disse várias vezes que não entendia nada de economia, mas também não precisava exagerar. A ideia era desviar para as empresas a irritação dos consumidores com o arroz e o feijão mais caros. Essa campanha, no entanto, levou o problema para dentro do Planalto.

O próprio Bolsonaro anda inquieto com o assunto. Também nesta terça, ele pediu a uma youtuber mirim que perguntasse a Tereza Cristina (Agricultura) sobre o preço do arroz. A ministra deu à menina apenas uma resposta genérica, mas quem pareceu frustrado foi o presidente.

Jair Bolsonaro durante almoço no restaurante do Palácio do Planalto, em 2019 - Carolina Antunes/PR

O preço da comida é uma variável sensível para qualquer governante, já que pesa principalmente sobre a população mais pobre. A disparada atual é especialmente adversa para Bolsonaro porque o presidente acaba de colher nessas classes o aumento de aprovação que deu fôlego a seu governo no pico da pandemia.

O aumento de preços pode reforçar o pessimismo dos grupos da base da pirâmide com o futuro da economia. Em agosto, 70% dos brasileiros com renda abaixo de dois salários mínimos ouvidos pelo Datafolha afirmaram que a inflação vai aumentar nos próximos meses.

O ritmo e as projeções sobre o futuro dessa alta lançam Bolsonaro numa encruzilhada. A escalada se tornou mais evidente agora, no momento em que o auxílio emergencial foi cortado pela metade. Segundo economistas, essa onda pode durar até o ano que vem, quando o pagamento do benefício deve ser encerrado.

Na prática, Bolsonaro quer que os donos de supermercados congelem artificialmente as etiquetas para amortecer o impacto do aumento sobre sua popularidade. Se eles obedecerem, o governo terá que assumir o controle de preços como política oficial. Se não for atendido, o presidente pagará uma parte da conta.

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