Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Bolsonaro zomba dos pobres, dos mortos e dos insatisfeitos

Presidente afasta até potenciais apoiadores ao dar de ombros para auxílio e pandemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jair Bolsonaro resolveu debochar das cobranças pela prorrogação do auxílio emergencial. Com o país à beira de mais um ciclo mortífero, o presidente disse que não tem culpa pela "situação difícil em que se encontra a população", uma vez que não é o responsável pelas medidas de restrição implantadas até aqui.

"Tem gente criticando, ainda falando que quer mais. Como é endividamento por parte do governo, quem quer mais é só ir no banco e fazer empréstimo", ironizou.

O presidente achatou a curva de queda de sua popularidade no ano passado graças aos bilhões do auxílio emergencial. Agora, ele mostra mais uma vez que o governo não sabe como gerenciar o redemoinho econômico provocado pela pandemia e, para piorar, ainda dá de ombros a quem depende de ajuda para sobreviver durante a crise.

Uma das especialidades de Bolsonaro é zombar dos brasileiros que não o idolatram. Depois que milhares de pessoas protestaram contra o governo, o presidente afirmou que as ruas ficaram vazias porque "faltou erva". Meses atrás, quando o número de famílias enlutadas disparava na pandemia, ele disse que aquele sofrimento era "frescura".

Bolsonaro desfila de salto alto no lamaçal do governo. O presidente faz pouco caso de críticos, ridiculariza antigos apoiadores e afasta parte considerável da população por acreditar que sua base fiel será suficiente para mantê-lo no poder. Ele quer segurar seus 25% de apoio, chegar ao segundo turno e ativar o antipetismo para atrair outros eleitores.

A artimanha vale também para amarrar aqueles que acham que Bolsonaro não é golpista o suficiente. Na semana passada, quando uma eleitora disse que ele deveria acionar as Forças Armadas contra os governadores e prefeitos, o presidente retrucou: "Quem não está contente comigo tem o Lula em 22".

O presidente aposta nesse fantasma enquanto faz troça dos pobres, dos mortos e dos insatisfeitos em geral. O problema é que esses grupos estão cada vez maiores.​

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.