Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Fantasma da corrupção representa pressão dupla sobre Bolsonaro

Presidente tenta ganhar tempo para se livrar de suspeitas, mas assombração ronda o Planalto

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O governo jogou todas as fichas na blindagem de Jair Bolsonaro. Pela manhã, senadores aliados disseram na CPI que o presidente havia pedido em março uma apuração sobre a compra da Covaxin. Segundo eles, o Ministério da Saúde não encontrou nada de errado. Mais tarde, porém, a própria pasta informou que vai suspender e analisar novamente o contrato.

O vaivém reflete o medo do governo e mostra que Bolsonaro estava mais interessado em dar uma resposta política do que em explicar as negociações feitas nessa área. O presidente acreditava que conseguiria ganhar tempo para se livrar do caso, mas uma nova acusação de cobrança de propina mostra que ele não conseguirá eliminar esse fantasma.

O representante de uma empresa disse à repórter Constança Rezende que recebeu um pedido de US$ 1 por dose que seria comprada pelo Ministério da Saúde. O autor teria sido Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística da pasta. O nome dele já havia aparecido no caso da Covaxin. O repeteco deve dobrar a pressão sobre o governo.

Sessão de depoimentos na CPI da Covid
Depoimento do servidor Luis Ricardo Miranda (à esq. de camisa azul) e de seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF; o segundo à dir., de terno escuro e gravata azul) na CPI da Covid, no Senado - Pedro Ladeira/Folhapress

A frente de batalha imediata está nas cobranças por um processo de impeachment com base nas suspeitas de corrupção sobre o governo. O andamento vai depender das investigações. Enquanto permanecerem dúvidas, dificilmente o centrão votará para derrubar o presidente.

Será mais difícil conter o desgaste eleitoral. Depois de ter chegado ao Planalto com a fantasia do combate à corrupção, a imagem de Bolsonaro pode derreter de vez, mesmo que não seja possível comprovar algum crime até a disputa nas urnas. É por isso que ele apelou cedo para o bordão de que não tem como saber "o que acontece nos ministérios".

Parte do eleitorado de Bolsonaro é sensível a sinais de corrupção. Eles já se afastaram do governo, mas poderiam voltar a apoiá-lo. As duas suspeitas, no entanto, tornam o caminho mais escorregadio. O movimento dessa fatia dos brasileiros deve determinar o resultado de 2022.​

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