Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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A ameaça golpista pode ajudar Bolsonaro a ganhar nas urnas?

Presidente não tem medo de perder votos por autoritarismo e espera até expandir sua base

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Só 2% dos eleitores de Jair Bolsonaro afirmam que ele é desonesto, mas 25% consideram o presidente um político autoritário. Nenhuma característica negativa apresentada pelo Datafolha em sua última pesquisa tem tanta aderência entre os próprios bolsonaristas quanto a ideia de que o capitão não é um democrata.

Apesar de reconhecer o desapreço de Bolsonaro pelas regras do jogo, essa parcela do eleitorado mantém seu apoio e se mostra inclinada a ficar a seu lado mais uma vez em 2022. Ao menos em seu reduto político mais fiel, o presidente conseguiu vender sua veia autoritária como uma demonstração de força.

A campanha crescente de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, os ataques a ministros do Supremo e a ameaça aberta à realização de eleições sugerem que o presidente não tem medo de perder votos por suas tendências antidemocráticas. Ao contrário, tudo indica que ele explora o golpismo como uma ferramenta para fortalecer sua base radical e até expandir seu eleitorado.

Bolsonaro enxerga a ameaça autoritária como uma arma política. Em primeiro lugar, a agitação ajuda a inflamar uma milícia disposta a liderar uma insurreição contra o resultado das eleições em caso de derrota. Mas os argumentos embutidos nesse discurso também podem agregar mais eleitores a sua candidatura.

Alguns institutos de pesquisa detectaram nos últimos meses um aumento da desconfiança sobre as urnas eletrônicas, o que indica o potencial de convencimento de Bolsonaro. O presidente aproveita para somar às falsas suspeitas de fraude um discurso antipetista e antissistema, com o objetivo de recuperar eleitores que se desgarraram de seu campo desde a última disputa.

Numa ironia do destino, o discurso radicalizado ainda pode dar um impulso aos números de Bolsonaro e melhorar suas chances de obter um segundo mandato nas mesmas urnas que ele ataca. O risco, nesse caso, é grande: o presidente pode ver seu projeto abertamente autoritário sancionado pelo voto.

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