Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu ameaça autoritária

Sobrevivência política de Bolsonaro ainda depende de reeleição ou golpe

Nenhum dos dois caminhos ficou mais fácil ao longo da última semana

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Jair Bolsonaro pode divulgar quantas notas quiser para tentar reduzir as pressões sobre o governo, mas sabe que só tem duas alternativas para garantir sua sobrevivência política: um golpe ou uma reeleição. Nenhum desses caminhos ficou mais fácil ao longo da última semana.

Uma vitória nas urnas já parecia improvável, mas a última investida autoritária de Bolsonaro pode ter piorado ainda mais essas expectativas. Ainda que preserve o apoio de sua base mais fiel, ele corre o risco de afastar eleitores e aliados insatisfeitos com um presidente que, em vez de governar, explora o poder e a máquina pública para ganhar força em seus conflitos políticos.

A economia é um fator-chave nesse cálculo eleitoral. Enquanto o presidente operava o ciclo golpista, o país chegou à margem dos 10% de inflação ao ano. Bolsonaro continua sem planos para enfrentar o peso da escalada de preços e, de quebra, ainda dificulta a costura de acordos com o Congresso e o STF para destravar a ampliação do Bolsa Família.

Em baixa na arena eleitoral, o presidente mantém o espírito golpista e alimenta o projeto de tumultuar a corrida de 2022. Na quinta (9), horas depois de divulgar a nota em que fingiu respeito às instituições, Bolsonaro voltou a atacar as urnas eletrônicas, repetiu suspeitas falsas de fraude e insistiu que a disputa não será limpa sem o voto impresso.

Mesmo que queira permanecer no poder à força, o presidente deve enfrentar dificuldades. Os atos de 7 de setembro mostraram capacidade de mobilização de empresários e militantes, mas também sugeriram que falta apoio para concretizar o plano. Um governante com 25% de popularidade e uma economia em desarranjo não ganha eleições e tem menos fôlego para dar um golpe.

Bolsonaro escapou do impeachment graças às taxas de proteção que paga aos políticos do centrão. Isso deve ser suficiente para chegar até 2022, mas o presidente ainda procura uma maneira de evitar que seu grupo político acabe na prisão depois que ele deixar o poder.

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