Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro antecipa apelo a fantasmas e busca voto pelo medo

Com inflação alta e indiciamentos na pandemia, presidente repete ladainha do risco socialista

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Jair Bolsonaro deve chegar ao ano eleitoral com a inflação nas alturas, a economia em marcha lenta, promessas de campanha descumpridas e um indiciamento nas costas por crime contra a humanidade. Com poucos argumentos para pedir mais um mandato nas urnas, o presidente agita velhos fantasmas e tenta conquistar votos pelo medo.

Percebe-se que o governo não tem nada a apresentar quando Bolsonaro apela para a ladainha do perigo socialista no Brasil. Nesta terça (26), o presidente usou refugiados venezuelanos como figurantes dessa plataforma política. Em Roraima, ele visitou um desses grupos, fez referência a governos de esquerda e disse que a miséria no país vizinho era resultado de "escolhas erradas".

"É aquele pessoal do Foro de São Paulo, sempre enganando o povo, induzindo as pessoas a ir para a esquerda, se associar ao socialismo", afirmou Bolsonaro, num vídeo produzido para as redes sociais. "Governos de esquerda no passado ajudaram a chegar lá isso que está na Venezuela, que nós nos preocupamos que não aconteça no Brasil."

(Boa Vista - RR, 26/10/2021) Visita ao acampamento da Operação Acolhida Randon 4.Foto: Isac Nóbrega/Divulgação Presidência
O presidente Jair Bolsonaro em visita a acampamento da Operação Acolhida em Boa Vista - Isac Nóbrega - 26.out.21/Divulgação Presidência

O primeiro alvo do presidente nessa campanha é óbvio: o antipetista delirante que enxerga na ditadura venezuelana o espelho de um futuro governo Lula. Bolsonaro quer convencer esse eleitor a ignorar o vazio de seu mandato, uma vez que reelegê-lo seria a única maneira de evitar a volta da esquerda ao poder.

O presidente também tenta desarmar outra bomba ao associar a miséria à coloração do regime da Venezuela. Bolsonaro quer passar aos mais pobres a mensagem de que um governo de esquerda produziria mais fome, num esforço para reduzir sua desvantagem no embate eleitoral com Lula na área social.

Na campanha de 2018, Bolsonaro teve sucesso ao elevar às alturas a estridência do antipetismo e se vender como uma barreira fundamental para conter a esquerda. Desta vez, aquelas assombrações podem não ser suficientes para garantir sua vitória. O presidente será julgado nas urnas pela catástrofe que produziu.

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