A formação das trincheiras para 2022 precipitou a disputa pelo segundo lugar da corrida presidencial. A liderança de Lula nas pesquisas e a incerteza sobre o destino dos votos que elegeram Jair Bolsonaro aceleraram o embate entre os candidatos que buscam uma vaga para um confronto direto com o petista.
Sergio Moro, Ciro Gomes, João Doria e o próprio Bolsonaro se veem como adversários. O quarteto sabe que, ao que tudo indica, só haverá espaço para um deles no segundo turno. Todos trabalham para fortalecer suas credenciais de oposição a Lula e, ao mesmo tempo, desinflar ou evitar o crescimento de outros competidores nesse campo.
Não foi acidental o tom do discurso de Flávio Bolsonaro na filiação do pai ao PL. Ainda que tenha carimbado Lula mais uma vez como "ladrão", o senador dedicou atenção especial a Moro, a quem chamou de "traidor".
O clã presidencial percebeu que o ex-juiz lançou sua candidatura em busca do eleitor de direita. O objetivo dos governistas é desqualificar Moro como um personagem desse campo e lembrar que ele é apenas um genérico do Bolsonaro original.
Moro segue o caminho inverso. Ainda que confirme a posição de adversário político de Lula, sua campanha tenta desbotar os retratos de sua participação no governo e vendê-lo como uma versão higienizada de Bolsonaro, em busca dos antigos eleitores do presidente.
Os outros concorrentes também se movem. Nas últimas semanas, Ciro virou suas baterias para Moro, a fim de evitar que o ex-juiz abra vantagem na competição de tiro sincronizado contra Lula e Bolsonaro. Recém-escolhido candidato, João Doria terá o mesmo desafio, ainda que prefira preservar pontes com Moro.
A disputa nesse pelotão leva boas e más notícias para Lula. Até aqui, não há competição real por votos na esquerda, e seus adversários gastam energia com ataques entre si. Por outro lado, fica claro que a eleição terá um excesso de candidatos no palanque do antipetismo, o que tende a ampliar a rejeição ao ex-presidente.
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