Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Os empresários vão cair de novo no papo de Bolsonaro?

Grupo aplaude presidente que produziu mais instabilidade do que ambiente saudável de negócios

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Jair Bolsonaro quer repetir a dose. O presidente foi a um beija-mão com empresários da indústria na última terça-feira (7) e apresentou os integrantes do governo como "empregados" daquela distinta plateia. "Vocês não devem nenhum favor para nós. Nós é que somos devedores de favores a vocês", declarou, sob aplausos.

Foi o mesmo papo que usou para conquistar a simpatia do setor em 2018. Naquele ano, Bolsonaro se ofereceu para reduzir direitos trabalhistas e superar o que chamou de "problemas ambientais", afrouxando a legislação. "Não faremos nada da nossa cabeça. Os senhores, que estão na ponta das empresas, serão os nossos patrões", afirmou.

Bolsonaro não esconde a generosidade com que gosta de tratar determinados grupos de interesse. Em mais uma manifestação de sua filosofia extremista, o presidente faz questão de oferecer um discurso de submissão completa à agenda dos produtores e empregadores, descrevendo outros personagens como fardos ou inimigos a serem batidos.

Jair Bolsonaro com o ministro Paulo Guedes (Economia), durante evento da Confederação Nacional da Indústria - Adriano Machado/Reuters

Diante dos patrões, Bolsonaro criticou o que chamou de "ativismo em cima da legislação trabalhista". Lembrou ainda que o governo cortou a aplicação de multas por crimes ambientais e destacou seu patrocínio à distribuição indiscriminada de cloroquina, com o objetivo de manter a economia funcionando.

O presidente parece interessado em levar à próxima campanha sua agenda de depredação: a redução da proteção aos trabalhadores, a perda de credibilidade internacional provocada pela devastação ambiental e a gestão catastrófica da pandemia, que contribui para uma recuperação econômica desastrada.

O programa de Bolsonaro produziu mais instabilidade econômica do que um ambiente saudável de negócios. Mesmo assim, alguns empresários se mostram dispostos a apoiar esse candidato a presidente capaz de prometer um pacote de bondades que nenhum político minimamente equilibrado poderia apresentar. Muitos devem cair na conversa dele mais uma vez.

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