Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Queiroga levou método do gabinete paralelo para a Esplanada

Ministro empresta jaleco à causa antivacina e acoberta comportamento criminoso de Bolsonaro

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No ano passado, a CPI da Covid radiografou a rede de médicos e palpiteiros que aconselhavam Jair Bolsonaro na pandemia. Sem cargo oficial, o gabinete paralelo elaborou um programa de propagação do coronavírus, distribuição de medicamentos ineficazes e disseminação de suspeitas falsas sobre vacinas.

Esse método deixou de funcionar de maneira informal e se instalou oficialmente na Esplanada dos Ministérios. O médico Marcelo Queiroga passou a exercer com desenvoltura crescente o papel de avalista e executor da disparatada política presidencial para a pandemia.

O ministro da Saúde assumiu um destacado protagonismo nos esforços do governo para desestimular a vacinação contra a Covid. Na última semana, Queiroga relatou a ocorrência de 4 mil mortes em que há "uma comprovação" de relação com os imunizantes. Era mentira: o ministério só reconheceu essa ligação em 13 casos dos mais de 162 milhões de brasileiros vacinados.

O doutor se recusa a informar com clareza à população que os efeitos adversos das vacinas existem, mas são raríssimos. Prefere usar números distorcidos, meias-palavras e um comportamento ambíguo para endossar a plataforma do chefe.

Na quinta-feira (20), Queiroga fez uma excursão ao interior paulista com a ministra Damares Alves. Segundo ela, os dois visitaram a família de uma menina que teve uma parada cardíaca "no mesmo dia em que recebeu a vacina contra a Covid". Pouco tempo depois, o Ministério da Saúde descartou qualquer conexão entre o caso e o imunizante, mas o estrago estava feito.

Queiroga empresta o jaleco à campanha antivacina porque precisa do cargo para turbinar seu projeto eleitoral. Quem ganha mais nessa relação é seu chefe. O doutor cumpre duas funções: agita a base ideológica de que o presidente precisa para sobreviver e dá um caráter técnico aos desatinos oficiais. Para acobertar sua conduta criminosa na pandemia, Bolsonaro precisa repetir até o fim que a vacina não presta.

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