Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu petrobras

Bolsonaro tenta deixar conta dos combustíveis para depois da eleição

Fórmula para evitar reajustes agora pode tornar mega-aumento inevitável após a campanha

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Jair Bolsonaro percebeu que esbravejar no cercadinho do Palácio da Alvorada não resolveria seu problema. Depois de trocar o comando da Petrobras pela terceira vez, o presidente começou a discutir com auxiliares uma fórmula para segurar os preços dos combustíveis. A ideia é evitar reajustes por 100 dias, mas alguns aliados trabalham para que um aumento só ocorra depois da eleição.

O represamento já existe na prática. Pela política atual, a Petrobras deve acompanhar os preços do mercado internacional, mas a pressão de Bolsonaro já fez com que a empresa segurasse por dois meses o valor cobrado pelo diesel. A gasolina está sem reajuste há 75 dias.

O objetivo do governo é congelar os preços por mais tempo e de maneira oficial, com o objetivo de controlar o impacto político dos reajustes. O problema –como em tantas outras medidas improvisadas de Bolsonaro– é que o plano tem um prazo de validade que se esgota ao fim da campanha eleitoral.

Se quiser evitar reajustes sem criar uma nova política permanente para os combustíveis, Bolsonaro pode ter que contratar um tarifaço para depois da eleição. O mundo enfrenta uma crise de energia que deve pesar ainda mais sobre o petróleo, e o Brasil corre um risco de desabastecimento que vai pressionar o valor cobrado pelo diesel.

O que deve levar algum alívio às bombas e amenizar os prejuízos políticos do presidente será a redução de impostos estaduais em discussão no Congresso. A limitação do ICMS sobre a gasolina e o diesel pode permitir alguma redução de preços e até criar espaço para que a Petrobras faça um leve reajuste.

A conta desse controle artificial chegará com o fim da eleição. Caso a redução de impostos não seja suficiente para equilibrar os preços, será praticamente impossível evitar novos aumentos. Vitorioso, Bolsonaro terá que aceitar um reajuste significativo depois da campanha ou fechar ainda mais o cerco sobre a Petrobras. Derrotado, ele deve passar o problema ao sucessor.

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