Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Direita tradicional paga o preço do ciclo de ascensão de populistas

Saúde do PSDB mostra o risco que correm os políticos desbancados por nomes como Bolsonaro

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A direita tradicional não pensou duas vezes quando as urnas mostraram que ela estaria fora do segundo turno na Colômbia. Ao fim da apuração, o derrotado Fico Gutiérrez anunciou que apoiaria o populista Rodolfo Hernández, numa aliança para derrotar a esquerda. "Não queremos perder o país", argumentou.

Com anos de atraso, os colombianos experimentam um fenômeno que marcou a política de outros países. Perdendo espaço, a direita moderada deu apoio a líderes populistas na esperança de deixar a esquerda longe do poder. Em vez de preservar força, os grupos tradicionais acabaram substituídos como protagonistas em seu campo político.

O comportamento da direita tradicional no Brasil evidencia os riscos desse jogo. Antes da última corrida presidencial, Jair Bolsonaro ocupou territórios eleitorais que pertenciam a partidos como PSDB e DEM. Desesperados, políticos ligados a essas siglas tentaram se agarrar ao candidato radical que tinha chances de vencer a disputa contra a esquerda.

Presidente eleito Jair Bolsonaro participa de reunião com governadores eleitos, em novembro de 2018 - Pedro Ladeira/Folhapress

Deu no que deu. Arrasadas na corrida presidencial, as legendas do bloco entraram em crise. Alguns quadros se tornaram satélites de Bolsonaro, enquanto outros buscaram uma rota de fuga para recuperar poder na direita tradicional. A saúde política do PSDB às vésperas de mais uma disputa mostra que nenhum dos dois lados teve sucesso.

Políticos que se aproximaram do governo conseguiram algumas migalhas para alimentar suas bases eleitorais. Mas, na estrutura do poder, tucanos bolsonaristas viraram figurantes das operações do centrão. Quem tentou se vender como alternativa ao presidente logo percebeu que não havia demanda para esse produto entre eleitores de direita.

Esses políticos vão lutar pela própria sobrevivência na próxima eleição. Muitos devem repetir a carona com Bolsonaro. Outros buscam um descolamento estratégico e passaram a flertar com Lula. O recente deboche do petista sobre o fim do PSDB não fará com que o segundo grupo se torne mais numeroso.

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