Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Segundo escalão do golpismo apoia ataque à eleição para manter poder

Auxiliares vão com Bolsonaro até o fim ou vão mostrar arrependimento se ruptura fracassar?

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Pouco antes da derrota de Donald Trump nas urnas, o secretário de Justiça americano dizia que as eleições do país estavam sujeitas a fraudes. Ecoando o discurso do chefe, William Barr repetiu suspeitas falsas e autorizou a abertura de inquéritos que tinham o objetivo de reverter o resultado da votação.

O comportamento de Barr só mudou depois que o caos estava instalado. Ele passou a descartar a hipótese de irregularidade e acabou demitido em dezembro, antes que Trump incitasse seus apoiadores a invadirem o Capitólio. Agora, em depoimento na investigação sobre o ataque, o ex-secretário diz que o presidente estava "desconectado da realidade" e confiava em teorias "totalmente sem sentido".

Em sua longa campanha para desqualificar as eleições, Trump contou com a participação ativa e o silêncio de gente que ocupava espaços importantes na estrutura do poder. O processo não foi obra de meia dúzia de lunáticos. Uma rede de operadores e avalistas ajudou a cultivar, por vários meses, o ambiente de ruptura e o projeto de insurreição liderado pelo então presidente.

Jair Bolsonaro com ministros na cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio da Alvorada, em março de 2022 - Pedro Ladeira/Folhapress

A tropa que atua a favor de Jair Bolsonaro dá ao presidente algumas vantagens sobre Trump. Além do apoio explícito de aliados, o brasileiro costurou o envolvimento das Forças Armadas e abriu canais dentro da máquina pública –como se viu no vazamento do inquérito da PF usado pelo governo para alimentar desconfianças sobre as urnas.

Uma fatia não desprezível dos auxiliares de Bolsonaro deve acreditar genuinamente nos disparates repetidos pelo presidente. Outros insistem na ilusão de que podem domar o chefe. Mas a adesão prática ou tácita ao plano de contestar o resultado da eleição se deve a um único fator: o poder. Ninguém parece interessado em perder espaços e privilégios se a reeleição fizer água.

Os próximos meses mostrarão quantos arrependidos como William Barr surgirão em terrenos bolsonaristas –e quantos deles serão responsabilizados.

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