Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu ameaça autoritária

Tumulto na eleição amarra lógica de violência política de Bolsonaro

Ao falar de 'ameaça interna' e fazer convocação para 'guerra', presidente aposta em desordem armada

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Jair Bolsonaro fez toda uma carreira em defesa da violência como arma política. Quando era deputado, ele aplaudia governos que assassinavam opositores e dizia esperar um conflito que matasse 30 mil pessoas, a começar pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Através do voto, você não vai mudar nada nesse país. Você só vai mudar, infelizmente, quando um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro", afirmou, em entrevista à TV Bandeirantes em 1999. "Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem."

A ideia de que tiros podem tomar o lugar de votos permaneceu com Bolsonaro por muito tempo. Ao se candidatar a presidente, aquele parlamentar transformou em plataforma de campanha a linha nada sutil entre as armas e a política.

Em 2017, Bolsonaro rodava o país com a proposta de facilitar o acesso às armas. O plano ia além da autoproteção ou da defesa da propriedade. "Queremos ter o povo armado para que possa defender a sua democracia e a sua liberdade", disse.

Antes, portanto, de se estranhar com os tribunais e inaugurar uma campanha de ataques ao processo eleitoral, Bolsonaro já demonstrava interesse em deixar de lado as leis e os controles institucionais para resolver na bala o que cada um entendesse como "sua democracia".

Para o presidente, esse conceito depende de quem está no governo. Há alguns anos, ele tenta convencer seguidores de que o retorno da esquerda ao poder representaria uma "ameaça interna de comunização" e o risco de uma ditadura.

Bolsonaro fala com desenvoltura da necessidade de uma reação bélica a essa situação. "Se precisar, iremos à guerra", declarou, em junho.

O presidente já indicou que a lógica da violência armada é uma aposta para fabricar tumulto no período eleitoral. "Podem ter certeza que, por ocasião das eleições, os votos serão contados no Brasil", declarou, durante um evento em março. "Tudo nós faremos, até com o sacrifício da própria vida, para que esses direitos sejam de fato relevantes e cumpridos."

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