Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Aliança com Alckmin e Tebet já empurrou eventual governo Lula para o centro

Quem vai às urnas para evitar suposta ameaça vermelha precisa procurar outro fantasma

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os principais movimentos da campanha de Lula neste segundo turno foram dedicados a reforçar a mensagem de que um novo governo teria a influência de nomes de fora da esquerda. A esta altura, quem diz que pretende ir às urnas para evitar uma suposta ameaça vermelha precisa procurar outro fantasma para levar à cabine de votação.

O ex-presidente deu todos os sinais de que busca uma coalizão não só para vencer a corrida, mas para governar. Deixou claro que vai abrir espaço para Geraldo Alckmin e Simone Tebet, prometeu discutir com empresários mudanças na reforma trabalhista e, agora, estuda lançar uma carta que defende a participação de evangélicos numa eventual gestão.

Os acenos podem ser insuficientes para convencer eleitores que acreditam que Alckmin tenha se convertido ao socialismo ou suspeitam que Tebet esteja ligada a alguma célula comunista em Três Lagoas (MS), mas mostram que só um dos lados da disputa quer criar pontes com quem pensa diferente.

A senadora Simone Tebet (MDB), o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) - Nelson Almeida/AFP

Lula tem um interesse político imediato quando indica que vai governar com Alckmin e Tebet. O ex-presidente aproveita a dupla como amuleto para tentar reduzir a resistência de eleitores sensíveis ao antipetismo. A própria senadora do MDB seguiu essa lógica ao sugerir que a campanha de Lula reduza o tom vermelho de seus comícios, argumentando que "o povo está votando contra Bolsonaro, e não no PT".

Mas a jogada vai além da estratégia eleitoral. Os gestos de Lula apontam que o PT e os partidos de esquerda de sua aliança não darão todas as cartas de um futuro governo —um preço que o ex-presidente se mostra disposto a pagar.

A maior concessão que Jair Bolsonaro fez neste segundo turno, por outro lado, foi fazer as pazes com um personagem que foi seu ministro e deixou o governo acusando o chefe de interferir na Polícia Federal. A reconciliação só foi possível porque tanto o presidente como Sergio Moro perceberam que ganhariam votos com a parceria.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.