Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Eleição como disputa de torcidas acirrou embate entre Lula e Bolsonaro

Fatos da campanha despertaram no eleitor pouco interesse em trocar de time

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Uma pesquisa feita pelo Datafolha há 535 dias desenhava o que seria a corrida presidencial. Recém-saído da prisão, Lula mostrava que havia mantido o domínio da esquerda, aparecendo como favorito. Mesmo desgastado pela tragédia da pandemia, Jair Bolsonaro tinha mais que o triplo das intenções de voto de outros nomes de direita, fechando espaços para uma candidatura alternativa.

O embate entre um presidente e um ex-presidente populares, com plataformas e defeitos públicos, fez com que a eleição se desenrolasse como uma disputa de torcidas. Movido por uma sensação de pertencimento, o país se alinhou de maneira firme em cada lado da arquibancada e reduziu o potencial de mudanças bruscas provocadas pela campanha.

Nenhum fato dos últimos meses abalou de maneira significativa o vínculo de meio eleitorado com o líder de um governo encerrado há quase 12 anos. O próprio Lula explorou como arma de defesa a monotonia de ser um político conhecido, a fim de vender a ideia de que fará uma gestão sem sobressaltos.

A campanha adversária não desidratou o petista ao investir no velho fantasma da ameaça comunista ou fabricar novos, como a ideia de que o ex-presidente fechará igrejas. Os ataques foram úteis apenas para permitir que Bolsonaro vestisse o uniforme com que conseguiu a vitória na eleição de 2018.

O principal feito do presidente foi reaglutinar parte considerável do grupo que o empurrou para o poder há quatro anos. Bolsonaro soube instrumentalizar a rivalidade com o lado oposto para convencer muitos daqueles torcedores de que seria impossível mudar de time na hora de enfrentar o mesmo adversário.

A máquina do governo foi incapaz de produzir uma avalanche na eleição, ainda que tenha conseguido reduzir o peso da inflação e a memória do morticínio dos últimos anos. A fidelidade dos apoiadores foi suficiente para fazer Bolsonaro resistir a escândalos como o caso das meninas venezuelanas e o ataque armado protagonizado por um aliado.

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