Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Pastores, prefeitos e chuva de dinheiro viram principais armas de Bolsonaro

Capilaridade criada pela campanha do presidente pode favorecer mobilização de eleitores

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Num coquetel na casa de um empresário, a senadora Simone Tebet reúne 650 convidados e defende que eles votem em Lula para preservar a democracia brasileira. Enquanto isso, em milhares de templos evangélicos espalhados pelo país, pastores aterrorizam fiéis com a falsa alegação de que a vitória do atual presidente é a única maneira de evitar que o PT feche igrejas.

A capilaridade é uma das principais armas de Jair Bolsonaro para converter votos no segundo turno. Além de pulverizar um discurso contra Lula nos templos, a campanha do presidente faz uma aproximação em massa com prefeitos e aposta no uso despudorado da máquina do governo para melhorar a imagem do presidente nos municípios.

O vínculo religioso, os laços políticos e o dinheiro público permitem que a campanha de Bolsonaro chegue mais longe, com mensagens específicas para grupos diferentes de eleitores. Pode ser um apelo moral, uma promessa de benefício ou mesmo uma vantagem concreta.

A ação de líderes religiosos no Nordeste é um exemplo desse esforço. Nos primeiros dias do segundo turno, Bolsonaro pediu que pastores aliados falassem com colegas da região para amplificar o discurso contra Lula nos templos. A ideia é explorar a fé, driblar a ligação de eleitores com o PT e ajudar o presidente a alcançar um eleitorado que demonstra mais resistência a ele.

A campanha também tenta criar uma equipe de cabos eleitorais remunerados com verba pública. Na semana passada, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, reuniu prefeitos do estado e disse que eles devem atuar "única e exclusivamente" por Bolsonaro. "Vai ser um trabalho de formiguinha", descreveu.

Para completar o pacote, o governo usa os cofres públicos para fazer chover dinheiro pelo país antes do segundo turno. Nos últimos dias, a Caixa liberou R$ 1,8 bilhão em empréstimos para beneficiários de programas sociais. As 700 mil pessoas atendidas terão que pagar uma conta salgada —mas só depois da eleição.

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