Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Bolsonaro terá desafiantes na direita em 2026?

Com movimentos sutis, Zema e Ratinho tentam demarcar diferenças e não descartam candidatura

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Jair Bolsonaro saiu das urnas derrotado, mas se consolidou como o líder mais popular da direita brasileira atualmente. Apesar dos movimentos precoces para mantê-lo como nome forte na próxima eleição, nem todos tratam o presidente como candidato único e natural desse campo político em 2026.

Dois atores da órbita bolsonarista fizeram movimentos sutis nesse sentido. Em entrevistas nos últimos dias, os governadores Romeu Zema (MG) e Ratinho Júnior (PR) tentaram demarcar divergências leves em relação ao presidente e sugeriram que a porta deve estar aberta para outros nomes de direita em quatro anos.

Embora tenham entrado de cabeça na campanha de Bolsonaro neste ano, os dois fizeram questão de dizer agora que têm críticas ao presidente, principalmente na condução do país diante da Covid. "Durante a pandemia, a comunicação do governo federal deixou muito a desejar", declarou Zema à rádio Super.

Os dois governadores limitaram suas ressalvas a questões de comunicação e comportamento. O objetivo é dizer ao eleitor desse campo que é possível defender uma plataforma idêntica à de Bolsonaro, sem a barulheira fabricada pelo presidente.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em entrevista coletiva com o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 4 de outubro - Adriano Machado/Reuters

Ratinho Júnior foi explícito no esforço para traçar essa linha no chão. Ele disse ao jornal O Globo que Bolsonaro acaba ficando na "extrema direita" e que outros atores podem ser considerados. "Talvez possa surgir num cenário aí no futuro uma centro-direita, um personagem que ocupe esse espaço com mais cautela."

Nenhum dos dois admitiu ou descartou a hipótese de representar o campo na disputa presidencial de 2026. Zema disse que a questão "pertence ao futuro", e Ratinho afirmou que "é muito cedo" para definir o papel de Bolsonaro nos próximos anos.

As declarações podem soar vacilantes, mas têm um significado maior num ambiente como o bolsonarismo, marcado pela exigência de fidelidade e pela punição a quem é considerado traidor. Se Bolsonaro permanecer forte, os dois certamente continuarão ao lado do capitão.

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