Casos do Acaso

Série em parceria entre a Folha e a Conspiração Filmes. Narrativas enviadas pelos leitores poderão se transformar em episódios audiovisuais criados pela produtora. Veja como participar no fim do texto

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Casos do Acaso
Descrição de chapéu casamento

Deprimida, virei uma madrinha de um casamento de cabelo roxo

Um acidente me fez ir à cerimônia de vestido e luvas vermelhas até o cotovelo

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Adriana Basbaum

Meu irmão marcou seu casamento. Outubro de 1995, primavera. Somos só dois filhos, era o primeiro casamento da família. Nunca pensei em casar numa igreja mas sempre fui romântica e apaixonada, vivia intensamente minhas relações . Além disso, eu era tipo "certinha", pouco álcool, nada de drogas, sexo só com amor.

Três semanas antes do casamento, meu namorado, depois de 2 anos, me pediu um tempo. Ele era o "rapaz perfeito", educado, engraçado, bonito, inteligente e apaixonado por mim. Obviamente seríamos os próximos a casar, nosso relacionamento era ótimo.

Fiquei arrasada e queria só ficar trancada em casa. Mas o dia do casamento estava chegando e eu não só era a irmã do noivo, como também uma das madrinhas. O vestido foi desenhado por mim e feito por uma costureira. O problema é que deprimi tanto que comecei a emagrecer; todo dia precisava de ajuste.

Uma semana antes do evento, meu irmão e minha futura cunhada resolveram fazer uma despedida de solteiro conjunta (?!!?), na casa da minha mãe. Tudo o que eu não queria era ver pessoas me perguntando onde estava meu namorado. Era um domingo e minha única rota de fuga era dizer que precisava trabalhar.
Na época, trabalhava numa empresa onde era normal ter tarefas nos finais de semana.

É possível ver vários ternos e vestidos na vitrine de uma loja de aluguel de roubas para festas. Os vestidos são vermelhos e rosas. Os ternos são pretos.
Loja de roupas de casamento na Avenida Rebouças, em São Paulo - Tuca Vieira - 14.fev.13/Folhapress

Trajeto Urca-Glória, domingo de sol. Resolvi ir de bicicleta para espairecer. Descendo na ciclovia uma pessoa tentou desviar de mim, mas acabou esbarrando no guidão, e a queda foi inevitável. Só pensei em levantar o rosto para o prejuízo físico ser menor. O resultado foram ambos os braços totalmente ralados.

Meu vestido de madrinha era vermelho e sem mangas. A solução foi usar luvas, também vermelhas, até o cotovelo. Chique, como disse a costureira.

Enfim chegou o dia e o ritual de cabeleireiro da família do noivo. Nessa altura do campeonato, eu estava com olheiras profundas de tanto chorar, e meu único pensamento era sumir, para não ter que enfrentar os amigos e parentes perguntando quando seria o meu casamento...

A cabeleireira mexia no meu cabelo e sugeriu um monte de penteados que eu nem ouvi. Lembro dela dizer que ia colocar uma massagem com um pouco de tonalizante e, ao mesmo tempo, minha mãe falar que tinha esquecido o enfeite de cabelo em casa.

Trajeto Copacabana-Urca-Copacabana. Acho que passou meia hora, só lembro da minha mãe dizendo "cheguei" e a cabeleireira gritando "ai meu Deus"!

A massagem deveria ficar só 5 minutos e, quando ela tirou a touca, meu cabelo estava roxo. Não dava tempo para mudar de cor . Depois de muitas desculpas a opção foi fazer uma trança embutida para não chamar mais ainda a atenção, afinal eu estava com vestido e luvas vermelhas e um cabelo berinjela. Além disso, tinha a bendita tatuagem de escorpião atrás da orelha (sou peixes com ascendente em libra, a história vale outro texto).

E lá estava eu, em um casamento, parecendo uma punk ou algo do gênero.

Sobrevivi, e fiquei ainda mais deprimida. Você acha que acabou aí?

No dia seguinte, domingo, minhas amigas me chamam para passear na orla do Leblon para distrair. Lavo o cabelo para desfazer a trança e o que era roxo virou rosa. Me senti a própria personagem do filme "Grease". Sol, blusa preta (para não manchar a roupa, pois o cabelo saía tinta), olheiras, marcas roxas nos braços e cabelo rosa.

Uma das minhas amigas encontrou um conhecido, muito mais velho que eu, tipo coroa charmoso (que por coincidência descobri depois que era vizinho de porta da minha assistente). Ele se apaixonou por mim, me achou muito louca, uma mulher diferente!

Eu, que estava sozinha e triste, topei entrar no meu primeiro relacionamento onde o outro era o mais envolvido. Aprendi aos 30 anos que era possível me relacionar sem paixão e transar com prazer (nada como a experiência de um homem vivido...). E aí descobri um outro lado bom da vida.

​ Para participar da série Casos do Acaso, o leitor deve enviar seu relato para o email casosdoacaso@grupofolha.com.br. Os textos devem ter, no máximo, 5.000 caracteres com espaços e precisam ser inéditos, não podem ter sido publicados em site, blog ou redes sociais. As histórias têm que ser reais e o autor não deve utilizar pseudônimo ou criar fatos ou personagens fictícios.

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