Catarina Rochamonte

Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

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Cultura do cancelamento e corrupção do pensamento

Ativismo inquisitorial, histérico, mimado e ressentido que tem feito inúmeras vítimas

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O progresso humano, vez ou outra, é interrompido por formas corrompidas de pensamento que se vendem como caminhos de emancipação. A chamada “cultura do cancelamento” é uma dessas ondas de irracionalidade cujos adeptos julgam promover a justiça quando, na verdade, só promovem intolerância.

O “cancelamento” consiste em, diante de uma divergência de opinião ou de uma atitude considerada errada, saltar-se imediatamente da crítica para a negação do direito de existência do divergente, organizando hordas digitais para sua destruição moral e profissional (ainda não física). É, pois, um ativismo inquisitorial, histérico, mimado e ressentido que tem feito inúmeras vítimas.

O movimento é tão radical que, sendo de índole progressista, foi alvo, mês passado, nos EUA, de carta de repúdio assinada por 150 artistas; eles mesmos progressistas. O lúcido manifesto, intitulado “Uma carta aberta sobre justiça e debate aberto”, dava conta da “atmosfera sufocante” a exigir “conformidade ideológica” e dissolver “questões políticas complexas com uma certeza moral ofuscante”.

Pois bem, os censores mantiveram-se inabaláveis na sua intolerância, reafirmando-a em um contra manifesto no qual acusaram os signatários do manifesto anterior de serem “intelectuais cis brancos” obstinados em não “abrir mão do elitismo”.

Essa bizarra “cultura do cancelamento” também está em alta no Brasil, tendo atingido dia desses o jornalista Leandro Narloch, demitido da CNN sob acusação de homofobia, e, mais recentemente, a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz, cujo texto publicado na Folha foi acusado de racista.

A extravagância dessas situações mede-se pelo fato de Narloch ser abertamente favorável à livre orientação sexual e Lilia ser abertamente antirracista.

Os justiceiros sociais cometeram notória injustiça. Mesmo assim, Lilia Schwarcz se desculpou. Ou seja, ela cedeu à patrulha e cancelou a si mesma.

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