Catarina Rochamonte

Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

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Descrição de chapéu Folhajus

Bolsopetismo, impeachment e impunidade

Em geral e com estardalhaço, petistas e bolsonaristas brigam como cão e gato

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O bolsopetismo é fenômeno parcial e descontínuo. Em geral e com estardalhaço, petistas e bolsonaristas brigam como cão e gato; porém, na surdina, em temas específicos e momentos oportunos, estreitam os interesses em abraço camarada.

Manifestação em apoio ao presidente Jair Messias Bolsonaro, na avenida Paulista (à esquerda) e ato contra Governo Bolsonaro, também na avenida Paulista (à direita) - Bruno Santos - 7.set.21/Folhapress e Eduardo Knapp -2.ou.21/ Folhapress


Enquanto as massas vestidas de vermelho vão às ruas clamando “Fora Bolsonaro”, dirigentes petistas atuam discretamente em favor da inviabilização do impeachment. Alguns não tão discretamente: o governador petista do Piauí, Wellington Dias, por exemplo, disse —em entrevista à revista Veja de julho— que não se deve banalizar o impeachment e que, no caso de Bolsonaro, ainda não há comprovação que justifique sua abertura.

Intelectuais do entorno lulista também já desdenham dessa bandeira e refugam a possibilidade de cassação, pelo TSE, da chapa Bolsonaro-Mourão. O interesse é manter o atual presidente no cargo até outubro de 2022, evitando surpresas no pleito polarizado em que Lula é favorito.

Do ponto de vista pragmático-eleitoral, lulistas estão certos em abraçar bolsonaristas na momentânea comunhão de interesses. Do ponto de vista da democracia, da ética e da legalidade, porém, tendo o presidente da República cometido seguidos e gravíssimos crimes de responsabilidade, trata-se de uma indecência.

A aliança mais consistente entre lulopetismo e bolsonarismo dá-se, porém, na defesa da impunidade, pelo óbvio motivo de que essa pauta, essência do bolsopetismo, tornou-se, para ambos, questão de sobrevivência. Juntos destruíram a Operação Lava Jato; juntos reconduziram o condescendente Aras à PGR e juntos estão conseguindo transformar, no Congresso Nacional, a “lei de improbidade administrativa” em “lei da impunidade administrativa”.

Na Câmara, o projeto de deformação da lei, relatado pelo petista Carlos Zarattini, foi aprovado por ampla maioria. No Senado, foi aprovado com apoio do centrão, de Flávio Bolsonaro e do PT. Voltará à Câmara por mera formalidade. Em breve, o bolsopetismo logrará mais uma vitória.

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