Celso Rocha de Barros

Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor de "PT, uma História".

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Celso Rocha de Barros

Nova era para o baixo clero

A turma do PSL aderiu ao anticomunismo para ganhar dinheiro

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Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro, filho menos maluco do presidente da República, entrou no STF (Supremo Tribunal Federal) para exigir foro privilegiado, interrupção das investigações do caso Queiroz e anulação das provas, bem como ativação da cláusula do acordo secreto com Netanyahu que prevê a reconstrução do Templo de Salomão e, consequentemente, a nova vinda de Jesus. Afinal, a essa altura, Flávio só se salva com milagre. Se Jesus não se prestar ao papel, talvez Renan resolva.

Comitiva do PSL em viagem à China - Soraya Thronicke/Reprodução/Instagram

Com o passar da semana, a reputação de honestidade do governo Bolsonaro foi cada vez mais entrando em estado de “morreu ou foi para a Record?”.

Enquanto isso, o partido de Bolsonaro, o anticomunista PSL, resolveu aproveitar a boca livre oferecida pelo governo da China. Viajaram, comeram café da manhã de hotel bacana, devem ter descolado uns brindes, fizeram lá uma “farra dos guardanapos” do baixo clero.

A comitiva incluía o cara que rasgou a placa da Marielle no comício do governador Witzel. Vai lá, filho, vai para a praça da Paz Celestial e rasga a placa com o nome do premiê chinês. Vai lá, mostra contra o Exército Popular de Libertação a mesma macheza que mostrou contra militante pelos direitos dos favelados que já tinha sido assassinada. Cadê a marra, filho? Vai fugir chorando, filho, vai fugir ganindo?

Pessoalmente, acho que o Brasil tem que ter as melhores relações possíveis tanto com a China quanto com os Estados Unidos. Mas eu sou petralha, sou pago pelo George Soros, distribuo mamadeira com pênis na ponta, não fiz o curso do Olavo, só estou sendo consistente. 

No fim das contas, os malandros do PSL ficaram impressionadíssimos com um recurso valioso a ser usado na luta contra a espionagem comunista, um programa de reconhecimento facial que diz para o governo comunista onde as pessoas estão. 

O Olavo reclamou, mas a verdade é que, se já dispuséssemos do programa de reconhecimento facial, já saberíamos onde Sergio Moro foi parar desde as novas revelações do caso Queiroz. 

E também é verdade que, ao mandarmos o PSL para Pequim, mostramos disposição para seguir o modelo de sucesso chinês. Afinal, no começo os asiáticos também exportavam umas falsificações meio vagabundas. Nessa marcha, daqui a vinte anos exportaremos para a China um partido de direita capaz de competir com os melhores do mundo. 

Enfim, na terceira semana de governo já está claro que o baixo clero chegou ao poder, e quer dinheiro, quer conforto, quer vantagens.

O esquema Queiroz da família Bolsonaro me lembra a história de Severino Cavalcante, cuja candidatura à presidência da Câmara em 2005, aliás, foi articulada com entusiasmo pelo Jair. Assim que Severino se tornou poderoso o suficiente para indicar gente para a “diretoria que fura poço” da Petrobras, foi pego cobrando propina da cantina do Congresso. 

E a turma do PSL também aderiu ao anticomunismo para ganhar dinheiro: são fanáticos por carreirismo, para subir na vida. Esses bolsonaristas que te mandam fake news pelo WhatsApp estão todos na briga por cargos. Já teve gente ganhando. 

É triste, mas a Lava Jato, até agora, não levou ao poder os honestos. Levou ao poder os malandros que eram insignificantes demais para serem pegos primeiro.

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