Cida Bento

Conselheira do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), é doutora em psicologia pela USP

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Cida Bento
Descrição de chapéu senado

É hora de diversificar as Câmaras

É fundamental o voto em candidaturas femininas, negras, quilombolas e indígenas

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Daqui a três dias acontecem as eleições municipais, e temos a oportunidade única de, com nosso voto, ampliar a multiplicidade de vozes nas Câmaras Municipais e nas respectivas prefeituras.

Alterar o perfil monocromático das diversas instâncias de poder político é também diversificar as perspectivas de solução para os recorrentes problemas enfrentados pelas populações das cidades brasileiras, buscando considerar as necessidades e os interesses de todos os diferentes segmentos que as compõem.

Dentre tantas questões, há que perguntar como é que o poder local vem lidando com o sistema de saúde para o enfrentamento da pandemia e seu impacto diferenciado sobre populações socialmente vulneráveis. Se empreendeu esforços efetivos para diminuir o assassinato de mulheres, de indígenas, da juventude negra.

Se reservou, respeitou os orçamentos para o fortalecimento das políticas públicas e das redes que protegem esses segmentos. Ou, ainda, se tomou iniciativas para tornar as cidades mais sustentáveis e acolhedoras para os diferentes segmentos da população.

Cuidar de uma cidade e de toda a pluralidade de necessidades e interesses de seus munícipes exige instituições com lideranças igualmente plurais. Assim, é neste momento de eleições que podemos contribuir efetivamente para diversificar o perfil das lideranças parlamentares e também do Executivo.

Nesse sentido, foi absolutamente bem-vinda e pertinente a decisão do TSE que estabeleceu equidade entre candidatos brancos e negros na distribuição de recursos do fundo eleitoral e na divisão do tempo de propaganda.

As organizações do movimento negro, respondendo a esse novo cenário, criaram mecanismos que permitem a aproximação e o acesso à informação sobre candidaturas efetivamente comprometidas com a construção de uma sociedade mais justa e equânime que efetivamente combata o racismo.

É o caso, por exemplo, das plataformas digitais Bancada Preta, Enegrecer a Política e Votos Antirracistas, dentre outras, que surgem a partir da constatação da importância de ampliar a representação negra nos Parlamentos deste país, considerando que, apesar de mais de 56% das pessoas se declararem negras, são negros apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018, bem como 5% de vereadoras e prefeitas eleitas em 2016, segundo o Movimento de Mulheres Negras.

Superar o racismo estrutural está no centro do debate de organizações negras no Brasil, recebendo um impulso importante de brancos antirracistas, nos últimos anos, a partir da exibição flagrante do assassinato de Floyd e de muitos jovens negros brasileiros, assassinatos que foram filmados e viralizaram nas redes sociais, escancarando um genocídio.

É fundamental que toda a população, inclusive os brancos antirracistas, invista agora na ampliação da diversidade do Parlamento, preferenciando em seu voto candidaturas femininas, negras, quilombolas e indígenas.

Nessa direção, vale citar que, nos EUA, em 2020, as mulheres negras estabeleceram um novo recorde —117 entraram nas primárias para a Câmara e 13 para o Senado, de acordo com o Center for American Women and Politics.

No total, 643 mulheres foram candidatas às eleições primárias e gerais do Congresso, incluindo um número recorde de mulheres asiáticas ou das ilhas do Pacífico, latinas, do Oriente Médio ou do norte da África e nativas americanas.

No entanto, o número de eleitas não aumentou. Urge, pois, mudar essa realidade disseminando em nossas redes sociais, cada uma e cada um de nós, as informações sobre candidaturas que venham oxigenar nossos Parlamentos, tornando-os tão diversos como são diversas as cidades brasileiras.

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