Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Educação e violência, desarmando os espíritos e a exclusão

As consequências são trágicas quando a escola exclui ou ensina a odiar 

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Nos últimos dias, duas notícias apareceram com destaque em jornais: a marcha por controle de acesso a armas organizada por alunos secundaristas nos EUA e a crescente violência que vem afetando escolas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Em ambas, uma questão comum: a violência e a educação se encontraram.

No primeiro caso, alunos transformaram com sucesso sua dor em luta contra o poderoso lobby das armas que financia políticos e assegura livre acesso a armas de elevado calibre a pessoas com problemas psicológicos. 

Numa lógica invertida, em que a população civil portar armas aparece como um “direito humano básico”, o direito à segurança na escola de crianças e jovens não significa grande coisa, o que fez centenas de milhares de pessoas atenderem ao chamado dos alunos da escola atingida pelo recente tiroteio e irem às ruas para dizer “nunca mais”.

No segundo, o resultado de políticas educacionais inadequadas no estado do Rio de Janeiro, com altos índices de abandono escolar, ativou o poderoso mecanismo que leva alunos diretamente dos bancos escolares para os presídios, descrito por Linda Darling-Hammond, pesquisadora de Stanford, em seu livro “The Flat World and Education”. 

O jovem que abandona a escola ou que não aprende tem poucas chances de construir uma vida produtiva, dada a crise econômica vigente e a crescente automação que extingue postos de trabalho.

No caso americano, os estudantes apontaram o caminho, mas também se queixaram que os adultos tinham falhado com eles ao permitir que tal ordem de coisas imperasse. No segundo, cabe a nós, a geração precedente, ajudar a construir uma educação de qualidade que não exclua ninguém.

É fácil criar ilhas de excelência que atendam aos filhos da classe média ou investir apenas nos alunos mais brilhantes advindos de áreas de vulnerabilidade. O desafiador é assegurar excelência com equidade para todos, o que demanda atenção ao que mais impacta a educação, fora a escolaridade dos pais, a presença de bons professores em todas as salas de aula.

Para tanto, precisamos de currículos relevantes e contemporâneos, uma formação de professores que de fato prepare para a prática profissional, maior  atratividade da carreira docente, avaliação constante de aprendizagem dos alunos e uma ambiente de aprendizagem que favoreça a construção de uma cultura de colaboração na escola.

No entanto, se isso não for acompanhado de uma educação para uma convivência pacífica e o respeito ao outro, teremos avançado pouco. Os exemplos históricos são claros: quando a escola exclui ou ensina a odiar, as consequências são trágicas.

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