Em livro recém-lançado, o jornalista Daniel Barros, detentor de um Prêmio Esso de Jornalismo, analisa os desafios enfrentados pela educação brasileira.
Com o título de “País Mal Educado: Por Que se Aprende Tão Pouco nas Escolas Brasileiras?”, o autor retoma a trajetória de nossa política educacional desde os anos 1930.
A obra mostra como algumas escolhas que fizemos foram particularmente cruéis, a despeito de eventuais boas intenções de seus formuladores, ao excluir boa parte dos jovens da possibilidade de aprendizagem (inclusive do acesso à escola).
O livro apresenta tanto nossas fragilidades —a exemplo da baixa atratividade da carreira de professor e da formação que lhe oferecemos, muito desvinculada da prática, e da reduzida jornada escolar dos alunos, distante do que praticam países com bons sistemas educacionais— como casos de sucesso.
Entre estes últimos, ele destaca: o desempenho do Ceará, inspirado na experiência de Sobral, centrada na definição de um currículo claro, investimento em capacitação dos professores e avaliação de aprendizagem com devolututivas às equipes escolares; o de Pernambuco, com suas escolas em tempo integral; e o exemplo de transformação sistêmica da educação de Goiás e do Espírito Santo.
Com riqueza de detalhes, Daniel Barros adverte o leitor sobre o risco de descontinuidades frente a mudanças de governo, evidenciando como iniciativas promissoras foram descontinuadas antes de mostrar seus frutos.
Daí a importância de avaliações de impacto, para poder mostrar para futuras administrações os bons resultados de políticas públicas.
O exemplo do Progresa, mecanismo de transferência com condicionalidades educacionais do México, instituído por Santiago Levy e continuado por políticos de oposição, mereceu menção no livro, assim como o Bolsa Família. A avaliação de impacto foi certamente responsável pela continuidade.
Mas há práticas ainda não avaliadas com profundidade no caso brasileiro que apresentam resultados promissores e não podem ser abandonadas por novas administrações.
A contratação de professores para uma única escola em contratos de 40 horas —com menos tempo de deslocamento entre unidades e tempo para trabalho em equipe— é uma delas.
Além disso, o entusiasmo com que algumas redes estão olhando para o futuro, tanto criando atividades que enfatizam habilidades socioemocionais e uso de novas tecnologias como investindo em espaços “makers” e robótica, parece indicar um caminho interessante.
Especialmente porque não teremos tempo para primeiro consertar nossa frágil educação para depois nos prepararmos para o século 21.
O futuro já é hoje!
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