Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Claudia Costin

Um currículo para uma primeira infância diversa

A criança pequena aprende observando, experimentando e, sobretudo, brincando

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Há um consenso internacional hoje de que o investimento na primeira infância é não apenas um imperativo ético como a melhor e mais efetiva política pública para garantir resultados sociais em diferentes áreas como segurança pública, saúde e educação. 

Não por acaso, entre as metas associadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, referente à qualidade da educação, há uma específica sobre o tema que estabelece que os 194 países signatários lograrão, até 2030, “assegurar a todos os meninos e meninas acesso a programas de primeira infância de qualidade, inclusive educação pré-escolar”. 

Nessa etapa, o desenvolvimento do cérebro ocorre de forma acelerada e aprender torna-se quase uma obsessão, desde que assegurado um ambiente afetivo e saudável e que o processo de aprendizado seja conduzido de forma lúdica. A criança pequena aprende observando, experimentando e, sobretudo, brincando.

Escrevo esta coluna aqui de Roraima, sob o impacto do lançamento do currículo de educação infantil de Boa Vista. Vim com pesquisadores internacionais que vieram ver “in loco” como a cidade, que investiu muito em atenção à saúde da gestante, visitação domiciliar para aconselhar jovens mães em áreas de vulnerabilidade, estrutura a aprendizagem das crianças em creches e pré-escolas. 

O resultado é surpreendente para uma cidade de nível socioeconômico baixo que, além de manter várias escolas indígenas, vê entrar a cada dia cerca de 700 pessoas oriundas da tragédia venezuelana e que conta com alunos daquele país em todas as escolas públicas.

O currículo, traduzido da Base Nacional Comum Curricular, traz uma visão contemporânea e baseada em evidências científicas das aprendizagens que bebês e crianças pequenas deveriam ter nessa fase. 

Entre elas, uma ênfase grande nas competências socioemocionais, como empatia, persistência, resiliência, criatividade e autonomia. Incluem também objetivos que remetem a atividades como contação de histórias, escolha de atividades em cantos de ciências ou matemática, resolução de problemas em times e livre brincar.

O currículo foi elaborado a partir de oficinas realizadas com diretores de escolas, professores, familiares e até alunos. Partindo do que pesquisas meticulosas revelaram sobre o que funciona com a faixa etária e sobre a atual situação de aprendizagem na cidade, o engajamento de todos os envolvidos na sua elaboração certamente possibilitará um processo suave de implementação. 

Mas o que dá maior garantia de avanço na primeira infância na cidade é a centralidade do tema na agenda das principais autoridades do município e a celebração da diversidade. Que assim permaneça!

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