Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudia Costin

Um bom começo, por uma primeira infância saudável para todos

Formação de vínculos fortes com pais é tão ou mais importante quanto a educação de uma creche

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Há hoje um certo consenso, entre especialistas em educação e saúde, de que a primeira infância é o momento mais importante para se criar as condições para um desenvolvimento integral e saudável da criança. 

É nessa fase que se ensaiam elementos de compreensão de mundo, de comunicação com os outros, de conhecimento do próprio corpo e o manejo das emoções. 

A formação de sinapses permitirá que sensações sejam processadas e que aprendizados se acumulem, em um processo orientado pela riqueza das experiências vividas pela criança e pelo afeto de que se vê cercada. 

O grande inimigo dessa fase é o chamado estresse tóxico ou traumático, em que a violência ou a negligência extrema podem trazer danos fortes, alguns irreversíveis, ao desenvolvimento infantil.

Pela complexidade e relevância dessa fase, há igualmente um consenso de que se trata de um período em que diferentes políticas públicas devem atuar para assegurar o pleno desenvolvimento da criança e a garantia de seus direitos. 

Para a educação, o que se busca é assegurar que as crianças cujos pais assim o desejarem tenham acesso a creches de qualidade, com prioridade para as famílias em situação de pobreza extrema, e garantir a todas elas boas pré-escolas. 

Mas não é suficiente —e, em alguns casos, nem desejável, institucionalizar crianças pequenas. A formação de vínculos fortes com pais e outros membros da família é tão ou mais importante quanto os cuidados e a educação de uma creche. 

É nesse sentido que políticas públicas como o Criança Feliz, conduzido há alguns anos pelo Ministério da Cidadania (anteriormente de Desenvolvimento Social), fazem muito sentido.

O programa se inspira numa iniciativa do Rio Grande do Sul, o Primeira Infância Melhor, em que visitadores iam às casas de famílias com crianças pequenas em situação de vulnerabilidade e orientavam os pais sobre como formar vínculos afetivos com bebês, cuidar de sua nutrição e estimular o cérebro. 

O programa Criança Feliz é o único finalista brasileiro do prêmio do World Innovation Summit for Education (Wise) de 2019. Hoje são quase 600 mil crianças e grávidas, do cadastro do Bolsa Família, acompanhadas a cada semana em casa. 

Trata-se hoje do maior programa em escala no mundo de atenção a crianças de menos de três anos, segundo Michael Feigelson, diretor-executivo da Fundação Bernard van Leer, grande referência internacional em primeira infância.

Ainda há muito o que fazer para promover igualdade de oportunidades em nosso país, mas, se todas as crianças em situação de vulnerabilidade se beneficiarem de atenção, educação e cuidados necessários, será um bom começo.
 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.