Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Uma educação pensada para adolescentes do século 21

Estado de SP acerta ao enfatizar a tecnologia e projetos interdisciplinares

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A cada edição da Prova Brasil, avaliação bianual aplicada nas escolas públicas, os alunos do quinto ano apresentam avanços em português e matemática. Nos do nono, melhorias apareceram apenas nas três últimas e, mesmo assim, os ganhos são pequenos e a aprendizagem é claramente insuficiente. 

Ao final dessa etapa, só 33,9% demonstram aprendizagem adequada em português e 18,2%, em matemática. Apesar dos avanços lentos, algo precisa ser corrigido no fundamental dois e nem sempre as transformações têm ido na direção correta. 

Para entender o problema, é importante atentar às características da faixa etária dos alunos, normalmente entre 11 e 16 anos. Boa parte deste período envolve a adolescência, momento de profundas transformações corporais e identitárias, atualmente bastante estudadas pela ciência.

Ocorre que pouco dos achados científicos foram incorporados ao processo de ensino. Além disso, os alunos de 11 anos ainda não entraram na adolescência e se sentem, muitas vezes, perdidos frente à multiplicidade de disciplinas. 

É importante lembrar que até 1971, nessa idade, boa parte dos alunos estava no quinto ano, com professor generalista. Em muitos países, a passagem para o docente especialista se dá aos 12 ou 13 anos. 

Outra questão relacionada a essa etapa de ensino é a formação do professor. Além da conhecida dissociação entre os conteúdos ensinados no ensino superior e a realidade profissional, aprende-se pouco sobre didática de cada disciplina, sobre o desenvolvimento do adolescente e sobre métodos mais contemporâneos de ensino. 

Para que possamos construir uma escola de adolescentes, com aprendizado mais profundo e baixo abandono escolar, precisamos adaptar o ensino e, em especial, a formação de professores para a etapa. Isso inclui a idade de início do segmento, devolvendo o sexto ano para o fundamental um ou criando uma transição mais suave para o ensino com disciplinas especializadas. 

Qualquer transformação no ensino, porém, deve ouvir os principais envolvidos no processo, os jovens. É bom lembrar que muitos adolescentes abandonam a escola por não ver sentido no que aprendem e, em levantamento recente com alunos paulistanos para elaboração do currículo municipal, eles demandaram aulas mais engajadoras, menos fragmentadas e maior uso de tecnologia.

Neste sentido, acerta o estado de São Paulo ao enfatizar no currículo de fundamental dois o projeto de vida do aluno, a tecnologia e a possibilidade de projetos interdisciplinares em que os conteúdos de português, matemática e outras disciplinas sejam aplicados a problemas da realidade. 

Precisamos de uma educação pensada para adolescentes!

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