Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Uma festa literária e a vida com livros

A Flip é um espaço para celebrar aquilo que um dia talvez poderemos ser

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Nesta semana começa a 17ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), evento que vai de 10 a 14 de julho e traz, como em anos anteriores, lançamentos de obras, mesas de debate, leituras dramáticas, escritores nacionais e estrangeiros e uma programação infantil e juvenil de qualidade. Tendo ido algumas vezes a essa grande celebração da literatura, achei oportuno fazer aqui um breve relato sobre o papel do livro em minha vida.

Venho de uma família de leitores. Minha mãe, que não chegou a concluir o antigo ginásio, tinha sempre alguma obra em sua mesa de cabeceira e lia com frequência para os filhos. Meu pai preferia a leitura na sala, ao som de música.

Acabei me tornando uma leitora voraz e consumia minha pequena mesada em livros. Havia uma biblioteca na escola, mas precisava de autorização dos pais. Meu pai, desconfiado, não quis assinar por achar que talvez as obras não fossem adequadas a minha idade. Salvou-me minha mãe ao descobrir que, a meia hora de caminhada de casa, havia uma biblioteca infantojuvenil, a Biblioteca Monteiro Lobato, que passei a frequentar todas as tardes, depois das aulas.

Esta experiência foi muito rica, pois me possibilitou não apenas uma leitura diversificada e própria para minha idade, como um contato constante com jovens que também gostavam de ler. Juntos fundamos a Academia Juvenil de Letras, de que fui a primeira presidente.

Tive o privilégio de vivenciar uma relação intensa com os livros. Uma jornada de alegria, reflexão e aprendizagem com as obras que me vieram às mãos, em diferentes mídias, papel, audiolivros ou livros eletrônicos.

Foi também a partir dessa vivência que, quando fui secretária de Cultura no estado de São Paulo, priorizei a leitura e criei o projeto São Paulo um Estado de Leitores, apoiando a instalação de bibliotecas em municípios que ainda não contavam com esse equipamento público.

Em 2003, li o relatório de um levantamento da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE), que mostrava que 60% dos professores no Brasil não tinham o hábito da leitura. Ou seja, uma grande parcela de quem deveria instilar nos jovens o prazer no contato com a literatura não aprendera a gostar de ler.

Esse dado assustador, também presente nas famílias, inclusive entre as mais afluentes, explica parte dos nossos problemas atuais. Nem nos informamos suficientemente com obras de não-ficção, nem fruímos de obras literárias brasileiras ou de autores estrangeiros.

Assim, o que a Flip traz é um espaço para celebrar aquilo que um dia talvez poderemos ser. Um país instruído, amante do belo e desafiado a pensar.

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