Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Claudia Costin

Enfrentando a crise de aprendizagem

Precisamos alinhar formação de professores, produção de material curricular, avaliação e gestão escolar

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Em vários ramos de atividade, costuma-se fazer “benchmarking”, ou a busca de quem teve, a partir de indicadores, um desempenho superior, para, em seguida, identificar as práticas que levaram a esse resultado positivo e, eventualmente, copiá-las.

Uma das maneiras de fazer benchmarking em educação na presente crise de aprendizagem que vivemos é olhar para o ranking do Pisa, uma avaliação organizada pela OCDE com base nas competências que jovens precisam ter para uma vida adulta plena, e verificar o que os mais bem-sucedidos fazem e que nós não estamos fazendo. O importante não é cada medida isolada, mas a inter-relação entre diferentes iniciativas que países com resultados melhores adotam.

Entre os 30 melhores, há algumas coisas que chamam a atenção: maior atratividade da carreira docente, formação profissional mais vinculada com a prática, maior rigor na seleção de diretores e professores e um currículo nacional claro com bom alinhamento dos materiais curriculares ao que se ensina.
Por que é tão importante contar com um currículo bem estruturado?  Porque, caso contrário, mesmo na presença de bons mestres, não há como assegurar a rara combinação de excelência com equidade, a base de sistemas educacionais de qualidade para todos. 

É nesse sentido que cabe celebrar o fato de que, na semana passada, tenhamos conseguido concluir a tradução da Base Nacional Comum Curricular em currículos estaduais e do Distrito Federal, numa iniciativa liderada pelo Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed) em parceria com a União de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) para as etapas de educação infantil e ensino fundamental. E mais, todos os currículos foram aprovados pelos respectivos Conselhos Estaduais de Educação. 

Num processo que ainda vai levar tempo —já que para termos uma política de Estado de educação coerente, na acepção que o Michael Fullan, grande especialista em transformações educacionais empresta ao termo, ainda teremos que alinhar formação de professores, produção de materiais curriculares, avaliação e gestão escolar—, começamos a enfrentar a crise de aprendizagem que o país vive. 

Agora é fazer o mesmo com o ensino médio e iniciar o processo de implementação em cada sala de aula. Não será fácil, e certamente ajustes serão necessários nos currículos concebidos e até na base, mas a experiência construída pela mobilização de tantos secretários de governos de diferentes partidos para chegarmos até aqui vai tornar os aperfeiçoamentos ulteriores bem mais fáceis. 
 

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