Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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O retorno às aulas e seus desafios

Não podemos deixar que a Covid-19 acabe com as chances de maior equidade social

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Depois de semanas aconselhando secretários municipais de educação, diretores de escola, professores e pais na construção de alguma forma de aprendizagem em casa, um tema me tem tirado o sono: o retorno. Nos webinários internacionais de que participo, procuro entender se alguns dos 175 países com escolas fechadas já pensaram nisso.

A verdade é que tudo é novo para todos e ninguém tem uma resposta certeira. Estamos construindo conhecimento ao lidarmos com a crise, o que é comum em situações incertas.

Durante o tempo de isolamento social, muitas redes de escolas têm conseguido adotar alguma estratégia de aprendizagem remota, seja online, por televisão, com um grande destaque para Manaus —que se beneficiou do aprendizado do Centro de Mídias do Amazonas que já oferecia educação para as populações ribeirinhas do estado—, ou em cadernos pedagógicos enviados para as famílias.

A possibilidade de aprender será certamente desigual, especialmente num contexto em que escolas particulares têm tido mais facilidade de chegar aos alunos e famílias mais escolarizadas, de apoiar os estudos dos filhos.

Nesse sentido, será fundamental, no retorno às aulas, identificar com maior clareza os déficits de aprendizagem de cada aluno, para poder agir de forma mais “cirúrgica” e evitar que as desigualdades educacionais cresçam mais ainda.

Tampouco podemos entrar no discurso fácil de recomeçar o ano letivo —afinal o Brasil acumula disparidades idade-série grandes demais e, se o jovem ficar muito mais velho do que a idade correta para sua série, as chances de abandonar a escola tornam-se grandes.

Vale a pena seguir, nesse sentido, o que fez o estado do Maranhão, que já organizou uma avaliação para todos os alunos no retorno, cobrindo o estado e seus municípios, para organizar melhor o processo de ensino-aprendizagem.

Além de se pensar numa avaliação, líderes educacionais estão elaborando planos de contingência, com diferentes cenários. Assim, se as aulas voltarem em maio ou junho, para cumprir as 800 horas exigidas, provavelmente será necessário utilizar os sábados para aulas e, eventualmente, uma ou duas horas a mais por dia.

Além disso, parte desse horário será usada para recuperação da aprendizagem perdida.

Quando as escolas foram fechadas no Brasil, pouco sabíamos da pandemia, o que impediu de melhor nos organizarmos. Agora, com o que acompanhamos daquilo que se passa em países que viveram a crise antes de nós, é possível nos preparar de forma mais efetiva.

A Covid-19 tem ceifado vidas, prejudicado a economia, mas não pode acabar com as chances de maior equidade social.

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