Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Aprender a pensar e a escrever na escola

Essa aprendizagem ajuda a desenvolver autonomia, persistência e protagonismo, competências para o século 21

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Existe, infelizmente, no Brasil, uma tendência de retardar o ensino de produção textual, já que redação é requerida apenas no Enem, não em avaliações de larga escala anteriores. Assim, em muitas escolas públicas, escreve-se pouco no ensino fundamental, restringindo-se a prática, em casos extremos, ao processo de alfabetização.

Mas há pelo menos duas razões importantes para mudar essa precariedade no processo de ensino. Uma delas é o fato de que três anos de escrita, no ensino médio, são insuficientes para formar escritores proficientes. Além disso, ao escrevermos, processamos aprendizados e refletimos sobre eles.

Se quisermos ter uma escola que, de fato, ensine a pensar e não apenas a deglutir conhecimentos ou decorar a visão de mundo do professor ou de um colega mais articulado que se destaca em trabalhos de grupo, é fundamental que se reserve tempo em aula para a elaboração de textos a partir do que foi lido ou explanado em classe.

Algumas escolas tentam suprir essa necessidade com os fichamentos de leitura, mas isso apenas favorece a memorização, não a incorporação do conhecimento —a partir da conexão do que foi lido com outros saberes já adquiridos— ao repertório cultural do aluno.

E o trabalho pedagógico, para ser efetivo, não se encerra com a escrita do texto e a atribuição de uma nota. Envolve idas e voltas entre mestre e aluno, para refinamento da composição resultante. Afinal, aprender a pensar e colocar reflexões no papel não é algo trivial. Tampouco o é a profissão de professor, daí a importância de valorizarmos o seu fazer, que é bastante complexo e demandante.

Mas há outro elemento importante no processo de aprendizagem da escrita: a ideia de que o aluno pode ter um conjunto de trabalhos de sua autoria. A alegria de produzir uma leitura documentada da realidade, que possa ser comunicada a outros, ajuda a desenvolver autonomia, persistência e protagonismo, algumas das chamadas competências para o século 21. Não por acaso, são algumas das habilidades destacadas na Base Nacional Comum Curricular.

Nesse sentido, é importante lembrar que não se desenvolvem essas competências, também denominadas de socioemocionais, no abstrato, e sim na prática cotidiana de utilizá-las ao aprender conteúdos de diferentes disciplinas.

Para desenvolvê-las, em tempos de isolamento social, faz sentido o que algumas escolas estão demandando dos alunos, como a produção de um “diário da pandemia”, em que eles, a cada dia, registram suas vivências e aprendizagens. Algo que, no futuro, poderão mostrar a seus filhos ao contar-lhes sobre o que foi viver a Covid-19.

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