Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Dirigir escolas

Contar com bons gestores é fundamental, pois, sem eles, pouco avançaremos na construção de educação de qualidade, com ou sem pandemia

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Foi publicado, em meio digital, nesta semana, o interessante livro de Antônio Gois “Líderes na escola”. A obra não poderia ser mais oportuna. Em tempos de aprendizagem em casa, toda a complexa logística de fazer chegar a todos os alunos materiais escritos, conectividade, informações sobre aulas na TV e no rádio, tem ficado por conta dos gestores escolares.

Sim, professores têm se comunicado diretamente com seus alunos, mas a organização de docentes que estão trabalhando em casa, assegurando que não ocorram falhas no processo e corrigindo lacunas, têm sido tarefa de responsabilidade dos diretores.

Capa do livro “Líderes na escola”, de Antônio Gois
Capa do livro “Líderes na escola”, de Antônio Gois - Reprodução

A bibliografia da área mostra, com clareza, que, depois do professor, o diretor é o principal fator intraescolar associado à aprendizagem dos alunos. Ter um bom diretor diminui de forma expressiva as chances de fracasso escolar de crianças e adolescentes.

O livro de Gois começou a ser trabalhado quando ele, jornalista consagrado, ganhou uma bolsa da Universidade de Columbia. Pouco antes da viagem, falou-me do projeto que pretendia trabalhar e pediu-me algumas sugestões. Ficamos um bom tempo pensando juntos, num café do aeroporto Santos Dumont onde eu embarcaria para São Paulo, logo depois. Quase perdi o voo, tal a paixão pelo tema que compartilhávamos.

Tinha lido pouco tempo antes o estudo “The Principal”, ainda não traduzido para o português, do especialista em políticas educacionais canadense Michael Fullan. Chamou-me a atenção, na obra, um dos papéis que ele atribuía aos diretores, o de criar uma cultura colaborativa nas escolas. Afinal, uma das habilidades mais importantes para o século 21 é justamente a colaboração. Como desenvolver essa competência nos alunos, se seus mestres não trabalharem colaborativamente?

O livro de Gois, numa narrativa jornalística, conta a história de seis diretores de diferentes países, inclusive o Brasil, compara suas ações com o que diz a bibliografia especializada e analisa como bons sistemas educacionais recrutam, selecionam e formam bons gestores escolares. Na parte final mostra a urgência de termos uma política de lideranças escolares com expectativas mais claras e mais vinculadas a práticas que conduzam à aprendizagem de todos os alunos, em especial os de famílias menos afluentes.

Aliás, alguns países, como a Inglaterra, têm buscado atrair os melhores diretores exatamente para as áreas de maior vulnerabilidade.

Em qualquer situação, contar com bons diretores é fundamental. Afinal, sem gestores escolares preparados para seu desafio, pouco avançaremos na construção de uma educação de qualidade, com ou sem pandemia.

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