Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Descrição de chapéu enem

Falando da educação brasileira para crianças

Precisamos transformar os experimentos bem-sucedidos em política pública

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Dei uma entrevista a um grupo de crianças de 10 anos, do 5º ano do ensino fundamental de uma boa escola privada, para um projeto deles sobre a educação brasileira. Foi uma conversa muito interessante, sob o olhar atento da professora. Depois de falar sobre os muitos desafios que temos para assegurar aprendizagem para todos, especialmente para os que vivem em áreas de vulnerabilidade, um dos alunos me perguntou: "E o que fizemos certo em educação no Brasil?".

Contei-lhes sobre os avanços em acesso à escola, a criação da Base Nacional Comum Curricular e disse que hoje sabemos avaliar bem leitura, compreensão de textos e matemática. Falei de outros acertos e até expliquei o Ideb e a melhora registrada agora no ensino médio. Mas tive que alertá-los de que esses avanços são lentos demais para um país que conta com o 9º PIB do mundo.

Depois de mencionar o que fazem alguns outros países, resolvi também relatar casos de sucesso no Brasil e descrevi a trajetória de Pernambuco, que conseguiu, a partir de uma construção de educação integral sólida para o ensino fundamental 2 e o ensino médio, oferecer educação de qualidade para todos. Quando expliquei como funciona o sistema escolar pernambucano, a professora disse aos alunos: "Viram, é como a nossa escola, aulas em tempo integral, com os professores trabalhando em uma só escola e com atividades interessantes!". Os alunos concordaram prontamente!

De fato, a rede estadual de educação de Pernambuco é uma das que consistentemente vêm obtendo melhoras no Ideb, a despeito de o estado contar com um nível socioeconômico mais baixo do que boa parte dos outros. As razões? As que expliquei às crianças, ou seja, basicamente duas: ampliaram a jornada escolar, fixando seus professores em uma única escola, e continuaram com a mesma política educacional ao longo de mais de 13 anos, mesmo com mudanças de lideranças e partidos políticos no governo.

Além disso, colocaram o aluno como o principal protagonista de sua própria vida escolar, mostrando-lhe que a responsabilidade por implementar seu projeto de vida é dele, evidentemente com o apoio, enquanto estiver na escola, das aprendizagens e oportunidades que seus mestres lhe oferecem. Nesse sentido, os professores também são protagonistas.

Visitei várias dessas escolas em Pernambuco e pelo Brasil afora. A boa notícia aqui é que aprendemos a copiar o que o país faz de melhor. Muitos estados e municípios replicaram o modelo em algumas escolas, geralmente em áreas mais vulneráveis. Agora precisamos, em cada um deles, transformar esses experimentos, ainda isolados, em política pública.

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