Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Construir coerência em educação em cada município

É preciso implementação determinada e obsessiva de uma política educacional consistente

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Novos secretários de Educação assumiram em muitos municípios brasileiros, em meio às incertezas sobre o início das aulas presenciais e da possibilidade de manutenção de alguma forma de aprendizagem em casa. Independente da escolha da escola, da rede ou dos pais, será uma gestão repleta de desafios, tanto para recuperar as perdas de aprendizagem, que serão imensas, quanto para construir uma educação que assegure alguma combinação de excelência com equidade. E disso depende o futuro do país.

Não há exageros na frase: com um processo de ensino que não coloca a aprendizagem de qualidade de todas as crianças e jovens em primeiro lugar, não estaremos aptos a promover um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. Mais ainda, cada um desses jovens não terá chance de realizar seu potencial, fazer escolhas de forma independente e competir com máquinas na busca por trabalho e realização pessoal.

A solução para isso? Certamente não há balas de prata, e sim a implementação determinada e obsessiva de uma política educacional consistente, a cada nível de governo, que transforme e integre os diferentes elementos do sistema de ensino.

É a isso que se refere o excelente livro do pesquisador e educador canadense Michael Fullan, "Coherence" (ou coerência, em tradução livre).

Analisando escolas e sistemas educacionais que superaram desafios para assegurar aprendizagem a todos, mesmo em áreas de vulnerabilidade, o autor traz a importância de lideranças engajadas em todos os níveis que construam uma abordagem integrada no processo de transformação.

As estratégias sugeridas incluem focar na aprendizagem de todos, cultivar em cada escola e no sistema uma cultura de colaboração profissional, com base em dados e não apenas em meras percepções, tornar a aprendizagem mais aprofundada, que forme alunos capazes de pensar de forma independente, e assegurar responsabilidade individual e coletiva na promoção de melhorias. No modelo proposto, a tecnologia funciona como um acelerador, mas o fundamental é uma pedagogia adequada ao desafio, ou seja, um processo de ensino e de avaliações de aprendizagem que possibilite que os alunos desenvolvam suas competências num nível mais alto de proficiência. Não só os já motivados, mas todos eles.

Há muito o que fazer nessa direção, e alguns municípios vêm mostrando que isso é possível. Podemos aprender com o que Sobral ou Mucambo, ambos no Ceará, entre várias outras cidades, estão fazendo. Precisamos agora, com urgência, estender essas boas práticas para o país todo, especialmente em tempos tão desafiadores. Sem isso, não haverá futuro!

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