Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Uma nova escola para os adolescentes na volta às aulas

O fundamental 2 é o grande esquecido das transformações educacionais

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Depois de um longo período de fechamento das escolas, na maior parte das cidades, os adolescentes começam a voltar às escolas, mesmo que em regime de rodízio, e estão sendo vacinados. Como tudo o que ocorre durante a pandemia, não está sendo fácil e tampouco é tranquilo viver esta fase tão interessante da vida, em que buscamos entender quem somos e adquirir uma identidade diferente da que nossos pais tentam nos atribuir, durante uma das maiores crises que o Brasil viveu na história recente.

Muitos deles já viviam desafios grandes antes da Covid, mas mesmo esses passaram a enfrentar transtornos ainda maiores, com a retomada do trabalho infantil, a fome, o cuidado de irmãos menores e as dificuldades de aprender à distância sem conectividade, equipamentos ou livros. Outros foram enclausurados em apartamentos inadequados para uma permanência de toda a família por longas horas e passaram a enfrentar um tempo exaustivo de aulas online, sem acesso presencial a colegas, tão importantes nesta fase da vida, e a professores e mentores.

No final, índices de ansiedade e de suicídio aumentaram, na mesma proporção do adoecimento que acometeu aqueles que não conseguiram se manter distantes de vida social por tanto tempo. Curiosamente, o rompimento do vínculo com a escola fez com que, por outro lado, muitos tenham se desengajado das tarefas escolares à distância e resistiram a voltar às aulas presenciais, inclusive dada a nova identidade e prestígio familiar adquiridos por meio do trabalho.

Nesse sentido, o retorno aos colégios está sendo um processo delicado, e as redes públicas devem olhar para este momento com redobrada atenção à saúde mental dos adolescentes (e de seus mestres) e reconectá-los com a vida escolar. Aqui vale também um conselho de Paulo Freire: tornar o ensino mais significativo, ligando-o ao que os alunos vivenciam. Em vez de tornar a pandemia um tabu, tematizá-la nas aulas, a partir do que foi vivido.

Mas isso não será suficiente. O fundamental 2 é o grande esquecido das transformações educacionais. Enquanto se pensa um novo ensino médio e as melhorias em aprendizagem são maiores nos anos iniciais do ensino fundamental, a etapa seguinte teve avanços bem menores nas avaliações nacionais.

Precisamos pensar uma nova escola para adolescentes, em turno único, com muita interação entre eles, professores atraídos e preparados para a etapa, educação mão na massa, incorporando as novas tecnologias e fortalecendo o ensino de resolução colaborativa de problemas com criatividade, essencial para a fase e para a construção do futuro. Os adolescentes merecem!

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