Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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2022 ou como celebrar 200 anos de independência?

Não há país livre sem investimento sólido em educação de qualidade para todos e em produção científica nacional.

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O ano se aproxima do final e, em menos de 15 dias, estaremos em 2022. Trata-se de um ano que promete ser marcante por várias razões, mas concentro-me aqui nos 200 anos da Independência do Brasil.

Lendo o livro do historiador Mark Mazower, "The Greek Revolution and the Making of Modern Europe", publicado em 2021 para celebrar os 200 anos da independência grega frente ao Império Otomano, constatei dois fatos admiráveis.

Quadro "Independência ou Morte", obra de 1888 de Pedro Américo (1843-1905), que representa d. Pedro 1º no momento do grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822; a Guarda de Honra que está na tela ainda não existia, o pintor adotou o anacronismo para ressaltar o papel de d. Pedro 1º e dar mais dinamismo ao quadro
Quadro "Independência ou Morte", obra de 1888 de Pedro Américo (1843-1905), que representa d. Pedro 1º no momento do grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822; a Guarda de Honra que está na tela ainda não existia, o pintor adotou o anacronismo para ressaltar o papel de d. Pedro 1º e dar mais dinamismo ao quadro - Museu Paulista/Reprodução

O primeiro é que, longe de ser um evento isolado, a revolução grega teve um papel primordial nos movimentos nacionalistas do século 19. O outro é que o governo grego criou uma comissão para organizar as celebrações da importante efeméride, de que o livro de Mazower é apenas um dos produtos.

Afinal, com 200 anos de independência, vale a pena fazer um balanço e avaliar que país está sendo construído. Foi o que pensaram os que nos precederam, ao celebrar os cem anos de Brasil autônomo.

O governo Epitácio Pessoa organizou, para a ocasião, a Exposição do Centenário, realizada no Rio de Janeiro entre setembro de 1922 e julho de 1923, que atraiu mais de 3 milhões de visitantes e vários expositores estrangeiros. Apresentávamos então para o mundo um país que caminhava para a industrialização e, segundo a visão oficial, apto a se sentar à mesa com nações desenvolvidas.

Mas o que permaneceu na memória coletiva foi a Semana de Arte Moderna, de 11 a 18 de fevereiro de 1922, que, diferentemente da narrativa do poder central, enfatizou nossas raízes afro-brasileiras e indígenas, sem deixar de construir uma nova estética.

Assim, quando nos aproximamos de 2022, há que se pensar como as celebrações podem resgatar elementos da nossa história como país independente, ao mesmo tempo em que se lançam as bases para o futuro. Devemos certamente comemorar os cem anos da Semana de 22 e toda a contribuição que trouxe para o mundo das artes, mas precisamos igualmente nos desafiar a ir mais longe em dois campos que constroem uma nação: educação e ciência.

No dia 6 de setembro de 2006, foi criado o movimento Todos pela Educação, nas escadarias do Museu do Ipiranga, que deve ser reinaugurado ano que vem. Vinha com uma meta não atingida, apesar dos avanços: alcançar até 2022 educação de qualidade para todos.

No segundo campo, o presidente da SBPC anunciou que o tema do próximo encontro anual será a independência e a soberania.

Afinal, não há país livre sem investimento sólido em educação de qualidade para todos e em produção científica nacional. Aí, sim, poderemos nos sentar à mesa com outras nações.

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