Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Descrição de chapéu enem

O Enem e a exclusão no ensino superior

Covid levou a uma exclusão ao ensino superior bem maior que o que se tinha

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Foram abertas, nesta semana, as inscrições para o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, uma avaliação que, criada em 1998 para aferir o desempenho escolar ao final da educação básica, tornou-se, a partir de 2009, o principal mecanismo de acesso ao ensino superior.

E isso não só para estudar no Brasil: 50 universidades portuguesas também aceitam a nota do Enem para ingresso em seus cursos. Tampouco se trata de instrumento usado só para universidades federais. O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) permite que o aluno, ao colocar sua nota, possa ter acesso a universidades estaduais e particulares, às bolsas do Prouni e a financiamento estudantil, como o Fies.

Trata-se, portanto, de importante instrumento para a inclusão e para assegurar maior diversidade no ensino superior no país.

Mas, infelizmente, com a Covid e a falta de resposta coordenada nacionalmente à pandemia por parte do governo federal, nas duas edições da prova que ocorreram em 2021 parte importante dos inscritos não compareceu. Em janeiro, por se sentirem despreparados frente ao fechamento prolongado das escolas. No segundo semestre, muitos nem sequer se inscreveram, inclusive por não terem comparecido na edição anterior e não poderem, por decisão do ministro, ser isentos da taxa de inscrição.

Posteriormente, a Justiça os perdoou, mas até que isso ocorresse não puderam se preparar para a prova e acabaram não usando a prerrogativa.

Tivemos, assim, um número bem menor de inscritos, o que nos levou a uma exclusão no acesso ao ensino superior bem maior que anteriormente. Cumpre lembrar que, segundo dados do Inep, somente cerca de 20% da população entre 25 e 34 anos possui diploma de nível superior no Brasil, e só 5% dos ingressantes em universidades em 2019 pertenciam aos 20% mais pobres da população.

É por isso que esta nova edição do Enem ganha tanta importância. Agora, com as escolas abertas, há mais chances de preparar os estudantes e até de mobilizá-los para fazerem a prova. Lembro bem, neste sentido, quando estive há alguns anos no Ceará na época do Enem e vi o então secretário criando uma estrutura de apoio para os alunos da rede estadual para que não deixassem de prestar o exame.
A verdade é que precisamos não só estimulá-los a fazer a prova, mas criar mecanismos de suporte para que permaneçam nos cursos, com chances de conclusão.

O próximo passo será a realização da nova versão do Enem, em 2024, bem mais reflexiva, com questões discursivas e abertas; neste sentido, mais contemporânea e adequada à Base Nacional Comum Curricular.

Afinal, inclusão não significa renunciar à qualidade.

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