Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudia Costin

A ciência para reconstruir o Brasil

74ª Reunião Anual da SBPC abre neste domingo tendo como tema central os 200 anos da Independência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Brasil completa, este ano, dois séculos de independência, o que será o tema central da 74ª Reunião Anual da SBPC. Ela será aberta este domingo, na Universidade de Brasília, com dois eixos principais. Um é uma história ampla da independência, lembrando que Portugal tinha aqui duas colônias, o Brasil e o Grão Pará —aos quais se somaria, em 1903, o Acre. Falaremos ainda da guerra de independência na Bahia, da batalha do Jenipapo no Piauí e o mais grave: de como indígenas e negros não ganharam, nesse processo, liberdade ou cidadania.

O professor, ex-ministro da Educação e presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, colunista convidado desta semana - Mathilde Missioneiro - 4.fev.20/Folhapress


Outro eixo se projeta para o futuro. A independência não é um dado, mas um projeto: que papel cada ciência exerce na construção da soberania nacional? Colocamos esta pergunta, nesta hora de reconstruir o Brasil, a cada um de nós e a cada área do conhecimento rigoroso: a ciência, a educação, mas também a saúde, a cultura, a proteção do meio ambiente e a inclusão social formam, unidas, um círculo virtuoso dos avanços sociais.


A SBPC foi fundada em 8 de julho de 1949. A bomba atômica, inventada pouco antes, e a energia nuclear foram vistas por décadas como constituindo o maior feito da ciência no século 20. Mas, de um olhar mais amplo, considerando a contribuição das ciências da saúde, inclusive a medicina nuclear, para melhorar a expectativa e a qualidade de vida, podemos dizer que o principal fruto da ciência no último século tenha sido a vida, não a morte —a paz, não a guerra.

Ainda vivemos a tragédia da Covid, mas graças à ciência mais de uma dúzia de vacinas se obteve em menos de um ano, e os mortos nesta pandemia são um milésimo da população mundial, menos de 7 milhões. Um século atrás, a gripe espanhola eliminou 5% da população mundial, que seriam 400 milhões em nossos dias. Quer dizer: centenas de milhões de vidas foram salvas pela ciência.

Por tudo isso, a SBPC ,em suas reuniões, defende a vida, a democracia, a inclusão social. Sem democracia, a vida coletiva carece de sentido.

Com o tempo, a SBPC cresceu, agregando hoje mais de 3 mil sócios individuais e de 170 sociedades científicas. É o braço político, não partidário, de nossa comunidade científica. Recusa a falsa opção entre salvar vidas e salvar a economia. A ciência é essencial tanto para a produtividade econômica quanto para uma melhor vida social, com saúde e sem exclusão social. Não há futuro sem o bom conhecimento.


Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunistas cedem seus espaços para refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. Quem escreve é Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política na USP, ex-ministro da Educação e hoje presidente da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A iniciativa é do Instituto Serrapilheira e da Maranta Inteligência Política.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.