Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Os estudantes e a volta à escola

Só 39% dos que voltaram presencialmente à escola participaram de aulas de reforço

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Em pesquisa recente do Datafolha, a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e BID, foram levantadas percepções de familiares de estudantes sobre a volta às aulas presenciais, depois de quase dois anos letivos inteiros de escolas fechadas ou atendendo alunos em sistema de rodízio.

A pesquisa ouviu 1.308 pais e responsáveis por 1.869 estudantes de escolas públicas, no mês de maio de 2022. Constatou que 91% dos estudantes voltaram às aulas de forma presencial no primeiro semestre de 2022 e que 94% estavam matriculados em escolas que promoveram alguma ação para enfrentar lacunas de aprendizagem deixadas pela pandemia.

No entanto, só 39% deles puderam participar de aulas de reforço, com grandes desigualdades de acesso: os que viviam em condições de maior vulnerabilidade, e que, portanto, mais necessitariam compensar as fragilidades advindas do prolongado fechamento das escolas, foram os menos beneficiados com aulas adicionais.

Isso tem sido uma constante em projetos de recuperação de aprendizagem. Mesmo antes da pandemia, alunos com mais desafios muitas vezes não desejam ou não podem vir fora do turno escolar e muitos dos que logram comparecer são os que acumularam menos perdas. Daí a importância de usar melhor o tempo normal de aulas ensinando no nível do aluno ou ampliar a carga horária para chegar a todos.

Outro ponto mencionado foi que, na volta ao presencial, muitos tiveram dificuldades em controlar emoções. Nesse sentido, as escolas que ofereceram apoio psicológico certamente contribuíram para uma melhoria do ambiente escolar. Ajudou no processo a aprovação da lei 13.935, de dezembro de 2019, que previu que redes públicas de escolas passem a contar com serviços de psicologia e serviço social. Mas, de acordo com os pais, só 40% das escolas ofereceram apoio psicológico. Mesmo assim, segundo eles, os filhos acabaram se acalmando e as escolas se organizaram melhor para a retomada presencial.

A pesquisa permite vislumbrar caminhos para a superação dos problemas causados na educação pela Covid.

Um dos mais sérios é o do agravamento da evasão escolar. Dos pais ouvidos pelo Datafolha, 21% disseram que os estudantes poderiam vir a desistir da escola. O percentual atinge 28% dos estudantes no ensino médio, o que está relacionado a um desengajamento dos estudos após tanto tempo de afastamento e ao crescimento do trabalho infantil, no mais das vezes precarizado.

Nesse sentido, foi bem oportuna a criação, por parte de alguns estados, de auxílios vinculados à presença ou à participação de alunos vulneráveis nas atividades escolares, para combater a evasão.

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