Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Descrição de chapéu Enem Fies

Como educar se não pararmos de nos comportar como crianças?

É preciso formar adultos que controlem seus impulsos negativos e possam assim viver juntos

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Passadas as eleições e as comemorações dos que apoiaram o presidente eleito ou o luto dos que lamentaram a derrota de seu adversário no pleito, há diferentes análises a serem feitas. Na mídia, nesta semana, tem se destacado a constatação de que as instituições democráticas estão razoavelmente consolidadas, que a crise econômica e de governabilidade prosseguirá por certo tempo, e que a gestão de Lula terá que enfrentar barreiras de toda sorte.

Escreve-se também muito sobre tarefas urgentes do novo governo em vários domínios da vida social. Associo-me a estes textos, muitos deles de meus colegas colunistas da Folha, como o de Ilona Szabó, e discorro aqui um pouco sobre o que precisa ser feito em educação.

O documento Educação Já 2022, do Todos pela Educação, endossado pelo futuro presidente (entre outros candidatos no primeiro turno) apresenta propostas sobre o desenho da política educacional a ser implementada no período que inicia no dia primeiro de janeiro de 2023.

Sugere inicialmente ações para mitigar os efeitos da pandemia em educação, especialmente na recomposição das aprendizagens, mas também uma agenda sistêmica para transformar a educação básica, incluindo a regulamentação do Sistema Nacional de Educação, um avanço mais rápido em educação em tempo integral, uma educação infantil de qualidade, maior atratividade da carreira docente, uma formação inicial que de fato prepare para a profissão, e uma alfabetização que funcione. O centro deste esforço é o de promover uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa, ou seja, não deixar ninguém para trás. "Qualidade", diz o documento, "só é qualidade se é para todos".

Muitas destas propostas vinham sendo implementadas lentamente, é verdade, há mais de duas décadas, mas precisam ser retomadas com algum nível de aceleração, afinal devem constituir uma política de Estado e não de governo.

Há, no entanto, algo que precisa ser mais urgentemente implementado: a educação para a vida em sociedade. Isso significa educar para uma convivência pacífica entre pessoas diferentes, a base da coesão social, para formar adultos que controlem seus impulsos negativos e possam assim viver juntos.

Mas, como podem os mestres fazê-lo se muitos adultos nas famílias e em governos se portam como crianças, não sabem perder, ou seguir as mais elementares regras de polidez, por medo de parecerem menos viris? O que ocorreu nos últimos dias em algumas escolas particulares reforça esta percepção.
Um apelo, portanto, aos mais velhos: somos os adultos na sala, vamos parar de soltar nossos demônios internos e passar a agir como tal?

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