Claudia Tajes

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

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Claudia Tajes

São dados de pesquisa: quem vive com cultura vive mais

Pessoas com interesses culturais e artísticos têm menos 31% de probabilidade de morrer prematuramente

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Pensando em variar o tema que tem chateado alguns leitores —é difícil não falar sobre tudo isso daí—, encontrei um assunto otimista, publicado nos últimos dias de 2019. De acordo com um estudo que levou 14 anos para ser concluído pela University College London, do Reino Unido, visitar museus e assistir a espetáculos pode aumentar a longevidade das pessoas. 

Saiu no respeitável British Medical Journal e não no WhatsApp da tia Cotinha, então acho que dá para acreditar. Diz a publicação que os pesquisadores analisaram mais de 6.700 pessoas acima de 50 anos, das quais 53% era mulher. Variáveis como o estado de saúde, as condições sócio econômicas, o comportamento pessoal e até o estado civil foram considerados, mas não influenciaram nos resultados. Acidentes e tragédias ficaram longe da conta. 

 

A pesquisa concluiu que pessoas com interesses culturais e artísticos tinham menos 31% de probabilidade de morrer prematuramente. E não que eles fossem todos os dias à Tate Modern. A maior parte dos analisados costumava fazer um programa cultural a cada dois meses. Mesmo quem só assistia a um ou dois shows por ano teria, segundo a pesquisa, 14% de chances de viver mais. Será que com carteirinha do Masp o sujeito se candidata à vida eterna? 

É um dilema. Depois de trabalhar o dia inteiro, seja por cansaço ou por preguiça, quantas vezes o que a gente quer é uma poltrona e um controle remoto? Vá ao teatro, mas não me convide. Aí vem essa pesquisa afirmar que alguns anos de bônus vêm com o estímulo intelectual e o desenvolvimento cognitivo também em idades mais avançadas. Faz sentido. 

Neurônio sem uso envelhece mais que bigode chinês. Fora o relaxamento que a arte traz. Quantas vezes o sujeito não parece remoçar diante de um palco, não aguça todos os sentidos em uma exposição, não sai de um espetáculo cheio de descobertas? Mesmo efeito de um bom filme e de um livro desses com um montão, um amontoado, muita coisa escrita. 

 Mas não é só. Se quem vive em contato com a cultura vive mais, significa —conforme o raciocínio da pesquisa— que quem não se importa com isso, quem despreza a educação, quem não respeita a memória, quem acha o conhecimento supérfluo, quem pisoteia a arte, vive menos? 

Agora vi vantagem.

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