Claudia Tajes

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

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Descrição de chapéu

Lá se foi o ministro 'kaftaniano', como uma vilã rancorosa de novela

Sempre pode vir alguém ainda mais incompetente, mas vai ser difícil

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Agora é oficial: ninguém da atual equipe do governo pode ser pior que o presidente.

É difícil de superar, mas, se for mais incompetente, mais grosso, mais ignorante, mais truculento e mais desprezível, vai para o olho da rua. Está aí o (já foi tarde) Weintraub para comprovar. Quem mandou ser carregado nos braços pelos bolsominions?

O vídeo em que o agora ex-ministro faz questão de anunciar a própria saída para disfarçar o pé na bunda, junta-se à patética gravação de despedida de Regina Duarte na série “Não Aprendi Dizer Adeus”. O erro de português da música cai como uma luva aqui, considerando-se os envolvidos.

A diferença é que, no vídeo de Regina, Bolsonaro aparece todo pimpão, orgulhoso do cargo (inexistente) na Cinemateca Brasileira oferecido à ex-secretária, e ao lado da casa dela, para que a outrora noiva nunca mais precise gastar com vale-transporte.

Já no vídeo de Weintraub, Bolsonaro surge desconfortável como se tivesse engolido um paralelepípedo. O corpo está duro, e a cabeça segue longe, longe, lá no Queiroz.

O homem pequeno não podia sair de cena sem um ato minúsculo. À moda vingativa de uma vilã de novela, revogou a política que reservava, nas universidades federais que ele detesta, vagas na pós-graduação para pessoas com deficiência, negros e indígenas, que ele detesta mais ainda. Sendo o último suspiro de um demissionário magoado, é possível que o ato seja anulado. Sai, Odete Roitman sem grife.

Mas a demissão tem aspectos “kaftanianos”, para citar uma das referências do ministro. Weintraub não dançou pela incompetência, mas pela inegável capacidade de odiar e ofender, que são as qualidades mais admiradas pelos apoiadores de Bolsonaro.

Esqueceram de avisar que o chefe não admite ser superado nesses quesitos. Fica a dica para o próximo olavista que chegar. Mais: Weintraub será despachado para o Banco Mundial, com salário de mais de US$ 250 mil por ano (ou R$ 115 mil mensais). No mínimo, uma injustiça com sua biografia de nulidade.

Ilustração em preto e branco de homem com barba e óculos com o dedo indicador em frente à boca em sinal de pedido de silêncio. Sobre a cabeça dele dois rabiscos em forma de chifres
Ilustração para a coluna de Cládia Tajes da edição de 22.jun.2020 - Cynthia Bonacossa

Dizem que os executivos do banco estão estarrecidos com a nomeação. E isso porque, em Washington, não devem saber da metade. Se alguém tiver o WhatsApp do David Malpass, presidente do banco, não custa dar um toque. Ninguém aqui é o gabinete do ódio, mas ver a escrotidão premiada é um absurdo. Nem “Kafta” suportaria.

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