Claudia Tajes

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

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Descrição de chapéu

Um índice que Bolsonaro luta rude para aumentar é o da ignorância

O presidente não quer um Brasil onde qualquer um tenha a oportunidade de ter um diploma

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O assunto desta coluna não é, como pode parecer, uma pegadinha. Bolsonaro na universidade, conta outra. Nosso líder não pisaria nesse ambiente de ateus, transviados e baderneiros nem para receber o título de doutor honoris causa. Honoris o quê? Se não foi o Mussum quem falou isso, deve ser coisa de comunista.

Ilustração para a coluna de Cláudia Tajes de 14.set.2020
Cynthia Bonacossa/Folhapress

Bolsonaro já disse que a universidade é o lugar onde o estudante faz tudo (sic), menos estudar. Reduto de esquerdistas, de professoras e de professores que se aproveitam do emprego público para encher o miolo mole da juventude. Fora toda aquela gente pelada, fumando maconha e fazendo suruba. Ah, os bons tempos da academia. Caiu uma lágrima aqui.

É por tudo isso que Bolsonaro vai à universidade, sim. Mas vai para cortar verbas e acabar com a pesquisa e com os programas de fomento à ciência, às artes, à cultura.

Se há um índice que o presidente luta rude para aumentar é o da ignorância. O sonho dele é o de uma nação à sua imagem e semelhança, Bolsonaros e Bolsonaras de olhar opaco e raciocínio pobre, de preferência criados na labuta desde pequeninos. Porque hoje o menor de idade pode fazer tudo, menos trabalhar. Inclusive cheirar um paralelepípedo de crack, sem problema nenhum. Sic.

Bolsonaro não quer um Brasil onde qualquer um tenha a oportunidade de um diploma. O Brasil de Bolsonaro é o dos valentões de sorveteria, faz alguma coisa para ver se eu não quebro a sua cara, fala um ai para você ver o que eu não faço.

Bolsonaro vai à universidade também para intervir na escolha dos reitores, prerrogativa que os governos anteriores tinham a elegância de não usar. No afã de “desaparelhar” as federais, ignora o resultado das eleições e empossa o bolsonarista de plantão da lista tríplice. Agora mesmo, com a assessoria de um de seus alucinados, o deputado que usa terno de bandeira brasileira, ele pinçou o candidato que fez apenas três votos na eleição da UFRGS. Já são pelo menos 12 intervenções como essa. E contando.

Bolsonaro vai à universidade poderia remeter a algum esquete antigo, piadas de duplo sentido e picardias estudantis. Mas não tem graça nenhuma. É puro terror no campus.

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