Claudia Tajes

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

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Claudia Tajes
Descrição de chapéu

No Masp, não corro o risco de encontrar Bolsonaro e os ignorantes do governo

Nas galerias, livrarias e teatros, qualquer um se sente acolhido —e você não corre risco de dar de cara com o presidente

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Passando por São Paulo a trabalho, e em homenagem aos velhos tempos em que se podia fazer o que desse na telha, saí do isolamento para uma visita ao Masp —aberto dentro dos mais rigorosos protocolos pandemísticos.

Estranho ver aquele espação vazio, com mais fiscais para impedir aglomerações que gente para entrar. Da fauna toda que costumava se reunir ali, nem o cheiro. A feirinha, os artistas, os amigos, os apaixonados, os turistas, os malucos, será que voltarão ao vão?

Ingressos agora só pela internet, em número reduzido e com hora marcada. Filas que serpenteavam a perder de vista, barulhentas, esqueça. Existe certa gravidade entre quem espera a vez chegar, não importa a idade. Talvez os mais velhos se mostrem até mais inquietos que os novinhos.

Dentro do museu, uma exposição com 76 esculturas do francês Edgar Degas enche os olhos de quem se espalha pelas vitrines. A única escultura exposta pelo artista em vida foi a da bailarina que recebe os visitantes na primeira sala. Todas as outras foram fundidas a partir de moldes encontrados pós-morte. Além do Masp, só o D’Orsay, o Metropolitan e o Glyptoteket, de Copenhague —a cidade, não a loja do senador—, têm a coleção completa.​

Fotos de detalhes das esculturas, assinadas pela artista visual paulista Sofia Borges, deixam a experiência mais bonita. Saudade de coisas bonitas.

Ilustração da coluna de Claudia Tajes, edição de 18.jan.2021
Cynthia Bonacossa

No subsolo, uma retrospectiva da obra de Beatriz Milhazes lembra que o Brasil já foi colorido e respeitado no mundo. Ali a gente pode fazer de conta que ainda é assim. E quem sabe por isso dê para perceber tantos sorrisos que escapam das máscaras.

No Masp e nos museus em geral, assim como nas livrarias, nas galerias e nos teatros, qualquer um se sente acolhido e protegido. Tanto porque a arte é, sim, um refúgio, mas também porque você não corre o menor risco de dar de cara com Bolsonaro. Ele abomina esse tipo de ambiente.

E se você preferir se refugiar no cinema, observados o distanciamento e os demais protocolos, vá sem medo. Não sendo um filme bíblico, jamais vai encontrar o presidente dividindo o mesmo espaço. Também não vai esbarrar com o outro dos ignorantes do governo.

Ignorantes no sentido de que desconhecem completamente o que estão fazendo. E no sentido de broncos, estúpidos, incultos e grosseiros também.

Fujam para as colinas.

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