Uma das boas definições para distritos de inovação, importantes modelos para ocupação de áreas urbanas, foi dada por Bruce Katz e Julie Wagner.
De acordo com eles, os distritos de inovação constituem a melhor mistura entre empreendedorismo e instituições educacionais, startups e escolas, empreendimentos de uso misto e inovações tecnológicas, compartilhamento de bicicletas e investimentos financeiros, tudo isso conectado por sistemas de transporte alimentados por energia limpa, estruturado para tecnologia digital, e alimentado por cafeína.
Essa definição reflete o espírito de um modelo de ocupação urbana que usa a inovação tecnológica como alavanca, em um formato de mescla de usos organizados economicamente em torno de uma base imobiliária.
Configurada a mudança da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) para outro local, a área de 650 mil metros quadrados e localização nobre estará à disposição dos planejadores para receber a melhor utilização possível para a cidade. Nesse contexto, o distrito de inovação apresenta-se como excelente alternativa de aproveitamento daquele espaço.
O sucesso na implantação desses distritos está na revalorização das qualidades intrínsecas das cidades, como proximidade, densidade, autenticidade e lugares vibrantes, aliadas aos recursos econômicos, físicos e à rede de contatos. Quando esses recursos se combinam com uma cultura de suporte e de risco podem criar um ecossistema inovador, que estabelece uma relação sinérgica entre pessoas, empresas e local físico, facilitando a geração de ideias.
No caso da área da Ceagesp, o modelo de distrito de inovação que parece mais adequado é o denominado "anchor plus", encontrado principalmente em áreas centrais das cidades. Ele usa desenvolvimento de usos mistos em larga escala em torno de grandes instituições âncoras centrais, e uma base de empresas de inovação.
Um dos bons exemplos de "anchor plus" é o Kendall Square em Cambridge, nos EUA. Nas últimas três décadas, a região deixou de ser um antigo distrito industrial para se transformar em um dos principais centros mundiais de pesquisa e inovação em biotecnologia. A região assistiu ao surgimento de hotéis, prédios de escritórios, restaurantes e lojas que atendem a comunidade do MIT (Massachussets Institute of Technology), do conjunto de empresas de ciência e biotecnologia ali instaladas e dos bairros vizinhos.
A área onde hoje se localiza a Ceagesp está próxima à USP (Universidade de São Paulo). Tem acesso por uma avenida com grande capacidade de tráfego, rápida interligação com as principais estradas do Estado, e é servida por linha de trem metropolitano conectada à rede de metrô. Possui, portanto, várias características para acomodar com sucesso uma implantação desse tipo.
A adoção desse modelo na cidade de São Paulo seria importante, porque os distritos de inovação alavancam a capacidade da cidade de gerar empregos, impulsionando a economia. Tornam-se também indutores do desenvolvimento sustentável, na medida em que podem usar energia renovável como fonte de energia primária e transformar edifícios, ruas e parques em laboratórios urbanos para testar projetos inovadores, em conjunto com empresas de tecnologia e empreendedores.
Estamos diante de uma oportunidade única de realizar em nossa cidade essa experiência inovadora, que poderá servir de exemplo para outras cidades do País. Estudos aprofundados, conhecimento da experiência internacional e adaptação à ambiência econômica e física da cidade são ações importantíssimas para caminharmos na direção da melhor utilização desse importante ativo da cidade de São Paulo.
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