Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Tecnologia pode ajudar a melhorar eficácia dos sistemas de transporte urbanos

Desafio é maximizar utilidade da estrutura existente, permitindo que cidades façam mais com menos

A mobilidade urbana é um dos mais intrincados desafios das grandes cidades, com fortes implicações econômicas, sociais e ambientais. À medida que a população urbana aumenta, o atendimento da crescente demanda por mobilidade pode ficar limitado à capacidade da infraestrutura de transportes instalada.

Realmente, a infraestrutura física é um componente essencial para viabilizar a mobilidade. Contudo, na maioria dos modelos de locomoção pelas cidades, há índices relevantes de subutilização do sistema em alguns períodos do dia. Entre outras ações positivas que podem ser alcançadas, a tecnologia pode ajudar a melhorar a eficiência do sistema, redistribuindo no tempo, e de forma eficiente, a demanda pelos diversos modais de transporte e rotas disponíveis. Nesse contexto, a chave é maximizar a utilidade da infraestrutura existente e planejada, permitindo que as cidades façam mais com menos.

Metrô na estação Baker Street, em Londres
Metrô na estação Baker Street, em Londres - Photononstop - 15.mai.2012/AFP

As necessidades relacionadas com a movimentação de pessoas e mercadorias pelas cidades estão mudando e evoluindo. Novas soluções de mobilidade estão surgindo, alavancadas pela tecnologia, objetivando uma melhor prestação de serviços e gerenciamento da demanda.

Estamos diante de um novo mercado na era digital, onde novos modelos de negócios e pensamento criativo são necessários para projetar sistemas contemporâneos de mobilidade, baseados em uma infraestrutura de transportes que possa trabalhar em conjunto com tecnologias operacionais e digitais.

A era digital traz novas soluções para os cidadãos, e permite que as pessoas acessem informações em tempo real sobre suas viagens, compartilhem recursos (carros, elevadores, estacionamento), otimizem trajetos e utilizem os modais de transportes de forma integrada e mais eficiente.

A tecnologia tem ainda o potencial de melhorar substancialmente a experiência dos usuários, selecionando opções de viagem com base em preferências pessoais que consideram custo ou conveniência. Torna possível também às pessoas recuperar o controle sobre seu próprio tempo de viagem, e fazer escolhas adaptáveis ao seu destino em cada deslocamento.

O balanceamento da demanda de transporte com a oferta pode ser efetuado pelos CCC (Centros de Comando e Controle), que têm a capacidade de agregar dados operacionais em tempo real de todo o sistema de transporte, interpretar as condições atuais e prever o futuro com base nas tendências do passado. Estes modelos operacionais, calcados no tratamento digital de informações, permitem dar resposta rápida ao aumento súbito da demanda no sistema, e podem evitar picos excessivos.

A importância desses Centros de Comando e Controle foi demonstrada durante um incidente no metrô de Londres, no período dos Jogos Olímpicos de 2012, que causou o fechamento completo de uma seção da Linha Central por cerca de cinco horas. Foram necessários 11 minutos para que uma recomendação de remanejo fosse planejada pelo CCC e transmitida ao restante da rede. Com base nesse incidente, estimou-se que US$ 120 mil em benefícios de economia de tempo podem ser atribuídos ao CCC por somente uma ocorrência dessa magnitude.

Alicerçados nas estruturas e nos modelos digitais disponíveis, os planejadores urbanos têm a oportunidade de usar a vasta quantidade de dados gerada por atores públicos e privados para melhorar o sistema de mobilidade das cidades, usando as informações para identificar e resolver problemas.

Segundo os especialistas, toda a gama de oportunidades disponível para os planejadores está apenas começando a ser reconhecida, e está se movendo gradualmente do fórum de pesquisa para se tornar parte integrante da prática de planejamento urbano.

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