Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

A importância dos clusters de economia criativa

Cidades brasileiras podem e devem usar esse modelo para alavancar seu desenvolvimento

A economia está mudando. Nas últimas décadas, ela foi direcionada por atividades baseadas em serviços e no uso intensivo de conhecimento, com destaque para as habilidades de analisar, produzir e compartilhar, e se tornou importante fonte de crescimento econômico e de geração de riquezas.

Setores importantes vão orientar o crescimento da economia no mundo. A “The Work Foundation”, entidade britânica sem fins lucrativos que pesquisa modelos futuros de trabalho, prevê que quatro áreas desempenharão papel significativo no direcionamento da inovação e geração de empregos na próxima década: mercadorias e serviços relacionados a baixas emissões de carbono, redes de serviços de alta tecnologia, manufatura com modelos avançados de produção e indústrias criativas.

As indústrias criativas, que se originam na criatividade individual e geram empregos e riquezas pela concepção e exploração da propriedade intelectual, terão relevante papel no crescimento econômico e no desenvolvimento de vantagens competitivas nas cidades. Essas indústrias e os negócios baseados em modelos de criatividade têm grande potencial para construir um novo cenário econômico e induzir, dessa forma, os municípios com pretensão de serem inovadores a revisarem suas estratégias de desenvolvimento.

As cidades inovadoras, por sua vez, devem se preocupar em estruturar ecossistemas criativos e preparados para lidar com pessoas, agentes econômicos e espaços, tudo ao mesmo tempo. A dimensão física desse tripé de desenvolvimento —o espaço— foi inspiração para a concepção do conceito de “clusters criativos”.

Cluster de empresas e pessoas criativas precisa muito mais do que a visão padrão de um parque empresarial ao lado de um campus de tecnologia. Um cluster criativo inclui empresas sem fins lucrativos, instituições culturais, locais de artes e artistas individuais ao lado de um parque científico e um centro de mídia.

Aglomerados criativos são lugares para se viver e trabalhar, lugares onde os produtos culturais são consumidos e produzidos. Eles podem estar abertos 24 horas por dia, para trabalho e lazer. Alimentam-se de diversidade, mudanças e prosperam em ambientes urbanos movimentados e multiculturais com distinção local própria, mas também em conexão com o mundo.

De acordo com a Nesta (National Endowment Science Technology and Arts), fundação inglesa de estudo de clusters criativos, existem dois grandes subsetores na indústria criativa e que tendem a se agregar. O primeiro inclui publicidade, moda, software, jogos de computador e publicações eletrônicas; enquanto o segundo engloba música e artes cênicas, vídeo, filme e fotografia, editoração, rádio e TV. Essa constatação dá suporte à ideia de que existem sinergias específicas entre certos setores da indústria criativa que, por essa razão, se inclinam a uma aproximação geográfica, criando espaços com concentração de determinadas atividades.

Para que essa concentração de atividades funcione adequadamente, é necessário um estudo apropriado. Dessa forma, a dimensão física da estruturação de um projeto de clusters criativos pode e deve envolver diferentes escalas, permeadas, simultaneamente, por planejamento urbano e desenho arquitetônico. Além disso, ao abordar estratégias espaciais para o planejamento desses espaços, deve-se considerar a necessidade da existência de uma mistura equilibrada de usos e que envolva comércio, lazer, trabalho e habitação.

Clusters criativos representam importante alternativa, não só para a indução de crescimento econômico, mas também para a regeneração de espaços urbanos. Muitas cidades brasileiras, em maior ou menor escala, podem e devem usar esse modelo para alavancar o desenvolvimento, gerando empregos e riquezas, além de criar novas ambiências urbanas atrativas, também, para o turismo. 

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