Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Universalização do acesso digital é caminho para aprimorar a democracia

Governos, empresas e cidadãos devem estar engajados na produção e no uso de dados

A universalização do acesso digital e de modelos que possam colocar a tecnologia ao alcance de todos são importantes formas de empoderar os cidadãos e aprimorar a democracia.

Tecnologias como wi-fi público gratuito, rastreamento de transporte público por GPS, internet de alta velocidade para os negócios, veículos que falam com semáforos, sistemas urbanos de compartilhamento de bicicletas e lixeiras inteligentes estão entre a ampla gama de inovações que podem ajudar a conectar os cidadãos ao seu ambiente urbano na era digital.

Contudo, mesmo entendendo a importância da entrada das cidades na era digital, e seus efeitos na criação de cidades mais conectadas e eficientes, os formuladores dessas políticas não podem ignorar questões igualmente importantes, como a coleta e o uso das informações obtidas (big data) por governos e empresas que instalam essas tecnologias.

À medida que as cidades digitais se desenvolvem, a obtenção e o processamento de dados e informações podem se tornar problemas para a privacidade e segurança dos cidadãos.

A consciência da necessidade de utilizar soluções inteligentes para problemas urbanos implica, também, em reconhecer que os riscos advindos desse processo não podem ser negligenciados. Portanto, a digitalização das cidades deve vir acompanhada de mecanismos que possam ajudar a incentivar a transparência, o acesso e a segurança dos dados, produzindo uma ambiência de cidades inteligentes, que beneficiem e resguardem o direito de todos.

A implantação de redes seguras deve ser feita o mais cedo possível. Adiar investimentos em segurança cibernética coloca em risco todos os seus dados e retarda o processo de digitalização urbana.

As cidades estão se tornando plataformas para a economia moderna. A urbanização vinculada à era digital e à democratização da inovação e da tecnologia são paradigmas convergentes que ajudam a impulsionar o empreendedorismo e a modernização das áreas urbanas em todo o mundo.

Se os dados e a tecnologia impulsionam o desenvolvimento urbano inteligente, é óbvio que, resguardadas as garantias individuais, quanto mais "aberto" for o acesso aos dados, mais oportunidades serão criadas para a inovação, o que reflete o direito de todos à cidade digital.

Isso significa que os governos têm papel fundamental na formulação de iniciativas que possam conduzir à democratização da informação. Eles podem propor estratégias para fomentar a colaboração entre autoridades públicas, partes interessadas privadas e cidadãos usuários e, dessa forma, abrir espaços para o fomento à cultura de tornar acessíveis as informações adotadas na tomada de decisões.

O compartilhamento de dados pode promover o progresso econômico, aprimorando a atividade empresarial e o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Contudo, as autoridades devem liderar o processo.

Ainda assim, segundo Mark Dean, pesquisador da Universidade de Adelaide, na Austrália, melhorar o acesso e a transparência dos dados requer intermediários que operem como tradutores entre as políticas governamentais e os usuários das tecnologias que estruturam as cidades digitais. Como atores não estatais, eles podem ser estrategicamente posicionados para comunicar, de forma segura e adequada, as informações que emergem dos ecossistemas de dados.

O uso transparente de informações por sistema aberto a todos pode significar uma nova ordem cultural nas cidades, em direção da experimentação colaborativa voltada à inovação. Isso significa que todos os atores urbanos —governos, empresas e cidadãos— devem estar engajados na produção, no uso e no desenvolvimento de dados.

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