Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Qualidade de vida nas cidades está vinculada à segurança

Em centros urbanos onde há muito a fazer, é preciso priorizar ações e investimentos nesse campo

Qualidade de vida é algo que a grande maioria das pessoas almeja. Mas como definir qualidade de vida e o que as pessoas querem quando buscam qualidade de vida?

Na verdade, estamos tratando de um conceito bastante amplo, que talvez não tenha uma definição precisa e esteja vinculado a sensações, como bem-estar, satisfação e felicidade, mas não, obrigatoriamente, mantenha correlação direta com esses estados de espírito.

Por sua importância para as pessoas, muitos pesquisadores da vida nas cidades têm procurado estudar com mais profundidade esse conceito, na tentativa de compreender melhor os mecanismos que controlam a qualidade de vida urbana.

Muitos estudos concentraram-se em examinar indicadores que pudessem medir, de forma objetiva, a qualidade de vida. Índices foram criados para apontar, de forma direta, as experiências das pessoas em seu envolvimento social e cultural com o tecido urbano.

Esses indicadores refletem a percepção das pessoas com relação a várias questões, como saúde, educação, conexões sociais, qualidade ambiental, segurança, renda, emprego, habitação, entre outras.

As avaliações envolvem aspectos objetivos, como nível de renda das famílias, taxas de criminalidade, níveis de poluição, custos de moradia e etc. Por outro lado, também estão relacionadas com aspectos subjetivos, como satisfação, bem-estar e felicidade.

Contudo, a percepção das pessoas com os atributos objetivos e subjetivos a que estão sujeitas e a maneira como interagem com eles é que acaba determinando os níveis de qualidade de vida dos habitantes das cidades.

Seguramente, aspectos culturais e econômicos têm importância fundamental em diferentes comunidades e sociedades. Mas o entendimento dessas questões pode auxiliar no desenvolvimento de conceitos, que podem ser úteis à maioria dos centros urbanos.

Estudo publicado por Dorota Weziak, do centro de pesquisas da Comissão Europeia, investigou a qualidade de vida urbana em 79 cidades do continente europeu. Para isso, analisou a disponibilidade de serviços públicos, questões ambientais, fatores sociodemográficos, características econômicas, pressões de mercado, qualidade das instituições e segurança.

 

Os resultados indicaram que a satisfação com a vida em uma cidade variou consideravelmente, tanto dentro das cidades como em toda a Europa. O estudo mostrou que, em várias cidades, a insatisfação com a qualidade de vida relaciona-se com transporte público, instalações culturais, disponibilidade de áreas comerciais, espaços verdes e qualidade do ar.

No entanto, à medida que os cidadãos se sentiam seguros e satisfeitos com a região onde moravam também ficavam mais propensos a se dizerem satisfeitos com a vida na cidade.

Outro resultado bastante interessante dessa pesquisa é que, independentemente de outros fatores, nas cidades com altas porcentagens de pessoas satisfeitas com a segurança existe a percepção de melhor qualidade de vida.

Dessa maneira, os estudos mostraram que, não obstante a complexidade do tema e as intrincadas relações que podem existir entre os diversos aspectos envolvidos na definição de qualidade de vida, pessoas que se sentem seguras na cidade e estão contentes com o local onde moram tendem a se mostrarem satisfeitas com sua qualidade de vida.

Portanto, em cidades onde há muito a fazer, priorizar ações e investimentos em segurança e melhorias nos bairros residências é um bom começo para mudar a percepção das pessoas quanto à qualidade de vida.

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